28/01/2003 13h16 – Atualizado em 28/01/2003 13h16
A Igreja Católica irlandesa pagará uma indenização recorde a um cidadão que sofreu abusos sexuais quando era coroinha em uma paróquia de Dublin.
O Tribunal Superior de Justiça da cidade de Dublin deu hoje autorização a um acordo entre o autor da ação, Mervyn Rundle, e o arcebispo de Dublin e cardeal Desmond Connell principal religioso da Irlanda.
A quantia a ser recebida por Rundle, de 28 anos, não foi divulgada, mas os meios de comunicação deste país estimam que esta gira em torno dos 300 mil euros.
Durante a audiência, Connell pediu desculpas em nome da Igreja Católica à vítima, que tinha nove anos quando foi agredido sexualmente pelo frade Thomas Naughton na paróquia de Donnycarney, ao norte da capital.
Depois do julgamento, Mervyn Rundle disse sentir-se aliviado por acabar “com dezoito anos de autêntico inferno” e receber uma desculpa pública.
No entanto, a vítima lamentou que o estamento religioso tenha demorado tanto tempo “em reconhecer o dano que causaram durante tantos anos a um menino atemorizado”.
“Não sei quanto tempo vou demorar para perdoá-los, acrescentou Rundle. Quando fui ao arcebispo com meu pai em 1985, achei que tudo seria resolvido rapidamente, mas tive que voltar dez anos depois quando soube que (Naughton) estava abusando de outros meninos”.
Em 1998, Thomas Naughton foi condenado a três anos de prisão, dos quais cumpriu dois e meio, por abusar de menores durante quase dez anos em diferentes paróquias de Dublin.
Durante aquele julgamento, também foi provada a existência de diversas queixas sobre a conduta do frade que, no entanto, foram ignoradas pela alta hierarquia eclesiástica.
Connell reconheceu hoje de novo que “se aquelas queixas tivessem sido investigadas adequadamente”, o frade poderia ter deixado a tempo suas “responsabilidades paroquiais”.
O cardeal lamentou “o dano irreparável e as conseqüências devastadoras” que aqueles fatos tiveram sobre a vítima e sua família, mas acreditou que a Igreja Católica aprenderá muita coisa com o caso.
No entanto, o “caso Rundle” não será a última pedra no sapato da Igreja Católica irlandesa, já que esta enfrenta várias denúncias por abusos sexuais nos próximos meses.
Fonte: Agência EFE





