20/01/2003 09h52 – Atualizado em 20/01/2003 09h52
Cerca de quatro adolescentes com idade entre 13 e 17 anos são levadas todos os meses para fazer programas em Rio Branco (AC) e Extrema, na divisa entre Rondônia e Acre.
Este número é apenas a ponta do iceberg, já que parecem conseguir burlar a fiscalização.
De acordo com informações, elas são induzidas a se prostituir por parentes e “amigas” que moram na capital de Rondônia. O pagamento dos servidores públicos realizados pelo governo é o maior chamariz, já que a concorrência em Porto Velho é grande.
Segundo uma fonte que não quis ser identificada, elas fazem programas no período em que o governo realiza o pagamento do funcionalismo público, que dura entre três e cinco dias. Após a temporada, voltam para Porto Velho, onde levam uma vida aparentemente normal.
A conexão com o Acre está estimulando outras adolescentes que fazem ponto na Avenida Carlos Gomes – área central de Porto Velho – a buscar no Estado vizinho novas áreas para a prostituição. Segundo uma garota de programa que já esteve em Rio Branco, os programas na capital acreana são mais lucrativos. Enquanto recebe cerca de R$ 30,00 em Porto Velho, chega a ganhar o dobro em Rio Branco.
Segundo ela, “eles gostam que coisa nova. A gente procura agradar, e a grana é melhor. Além disso, lá, eles quase não dão “pino” – não deixam de pagar pelos programas amorosos.
Uma rede gigantesca de prostituição vem se alastrando como um câncer nos bairros e áreas centrais de Porto Velho. No chamado sexo barato, o “cliente” encontra de tudo no mercado. Meninas de 11,12, 14 e 16 anos vendem o corpo por até R$ 3,00 em inferninhos de áreas periféricas como o bairro da Balsa, onde se concentra uma fatia grande da miséria de Porto Velho
PRF prende homem que aliciava menor
A Polícia Rodoviária Federal prendeu, na última quarta-feira um rapaz que conduzia uma menina de doze anos em uma motocicleta pela BR 364, sentido Rio Branco-Bujari. A menina declarou aos patrulheiros que era “amante” do motoqueiro e ambos foram levados para o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente de Bujari.
Operações como essa fazem parte das ações de repressão à prostituição infantil que está sendo planejada em todo o País pelo Ministério da Justiça. Amanhã ou terça-feira, o inspetor da PRF,Pellegrino Silveira, reúne-se com a juíza Maria Tapajós, da Infância e Juventude, para integrar as ações da Justiça com as da PRF. “Já vínhamos realizando esse trabalho, mas não era conhecido”, disse Silveira.
A próxima etapa, diz Silveira, será intensificar a fiscalização nos ônibus intermunicipais. “Sabemos que há brasileiras se prostituindo em Cobija”, lembrou o inspetor. Cobija faz fronteira com Brasiléia. Há uma investigação requerida pelo Ministério Público Federal sobre possível ocorrência de tráfico de mulheres na fronteira. Na época, as denúncias recaíram sobre a boate Las Poderosas, mas nada ficou provado.
Fonte: A Tribuna