20/01/2003 10h32 – Atualizado em 20/01/2003 10h32
A Coréia do Norte não tem intenção de atacar a Coréia do Sul, mesmo que sofra uma agressão dos Estados Unidos, segundo declarações de um diplomata norte-coreano a um jornal de Hong Kong, publicadas hoje no jornal “Ming Pao”.
“Se os EUA nos atacarem, nós iremos atrás somente de nossos inimigos”, disse o cônsul-geral da Coréia do Norte em Hong Kong, Ri To Sop.
“A Coréia do Sul e nós somos da mesma linhagem e do mesmo país, compartilhamos a mesma língua e cultura. Não há razão para prejudicar nossa relação com a Coréia do Sul”, disse Ri.
A situação entre Pyongyang e Washington é tensa desde outubro, quando o regime comunista anunciou a intenção de retomar seu programa nuclear. Em seguida, o governo norte-coreano expulsou os inspetores nucleares da ONU, reabriu uma usina atômica que estava lacrada desde 1994 e se retirou do tratado internacional de não-proliferação nuclear.
Os Estados Unidos ameaçaram a Coréia do Norte com sanções, mas manifestaram intenção de resolver a crise pacificamente. Ri disse que qualquer sanção será vista como uma declaração de guerra. “Estamos prontos para a guerra, e a guerra não tem misericórdia”, afirmou o diplomata.
Ele negou que seu país já possua armas nucleares, como insinuaram os Estados Unidos. “Quando o enviado especial [dos EUA James] Kelly nos visitou, no ano passado, foi tão arrogante que no calor do momento dissemos que temos o direito de nos armar com bombas atômicas”, afirmou.
Ele foi cético quanto à proposta norte-americana de oferecer ajuda econômica e humanitária à Coréia do Norte se o programa nuclear for abandonado. “Nosso representante em Nova York fez uma visita ao Departamento de Estado e perguntou sobre a retomada de negociações, mas eles disseram que não há nada a negociar. É simplesmente o tipo de comportamento de gente hipócrita”, disse Ri.
Ele garantiu, porém, que a Coréia do Sul não será arrastada para o conflito. “Não vamos misturar a Coréia do Sul com os EUA. Já deixamos claro num comunicado conjunto que a questão Norte-Sul deve ser resolvida como questão doméstica, com o objetivo final de uma reunificação pacífica.”
“Na verdade, se estamos pegando em armas é não só pela segurança da Coréia do Norte, mas também pela proteção de todos os coreanos”, disse.
A Coréia do Norte mantém 11 mil canhões apontados para Seul, a capital sul-coreana, ao longo da fronteira mais vigiada do planeta. Os Estados Unidos mantêm 37 mil soldados na Coréia do Sul.
Fonte: Reuters




