10/01/2003 14h47 – Atualizado em 10/01/2003 14h47
Internos da Febem Franco da Rocha, na Grande São Paulo, realizam uma rebelião na tarde de hoje. Segundo a Polícia Militar, os adolescentes mantêm dois monitores como reféns.
A unidade é alvo de denúncias de maus-tratos.
Os internos há haviam promovido um tumulto ontem. De acordo com a PM, o motim de hoje teve início por volta das 14h30 na unidade 30 do complexo. Os menores estão soltos no pátio. Não há informações sobre feridos.
A assessoria da fundação informou que está apurando as causas do tumulto e a situação na unidade. A rebelião ocorre no dia seguinte à posse do novo presidente da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
Segundo o promotor da Infância e Juventude Wilson Tafner, os internos realizam, desde dezembro, constantes manifestações para tentar chamar a atenção da direção da unidade.
“Eles [adolescentes] estão trancados e sem atividades desde o dia 19. Ficam batendo nas celas para chamar a atenção da direção”, disse ontem.
Denúncias
A fundação é alvo de tortura e maus-tratos por entidades de direitos humanos. A Justiça determinou, em dezembro, o fechamento da unidade 30, em Franco da Rocha. A fundação recorreu.
Na ocasião, a Febem afirmou que as denúncias foram apuradas e os responsáveis punidos. A fundação havia afastado dois diretores de unidade de Franco da Rocha e demitido nove funcionários por justa causa.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) preparou um relatório a partir das denúncias de tortura e encaminhou o documento, no dia 4 de dezembro, aos presidentes do Tribunal de Justiça do Estado e Procuradoria Geral de Justiça, Ministério Público, juizes do Departamento de Execuções da Infância e Juventude, ONU, OEA e Anistia Internacional, pedindo o fechamento das unidades 30 e 31 da Febem.
Um confronto entre internos e monitores teria ocorrido entre os dias 23 e 24. Menores teriam sofrido ferimentos.
Um deles disse à Promotoria que precisou levar cinco pontos na cabeça. O promotor Wilson Tafner afirma que internos são ouvidos e que o quadro de confronto com lesões não é confirmado pela Febem, que admite o tumulto mas afirma que a situação foi logo controlada.
Fonte: Folha Online