09/12/2002 10h57 – Atualizado em 09/12/2002 10h57
LONDRES – A vaginose bacteriana (VB), uma infecção em que há um desequilíbrio entre as bactérias benignas e as prejudiciais na vagina, aumenta o risco de a mulher vir a sofrer um aborto tardio ou ter um parto prematuro, segundo especialistas.
A doença, uma infecção bacteriana comum entre as mulheres, tem a vantagem de ser facilmente diagnosticada e pode ser tratada com antibióticos.
“Não encontramos uma associação significativa com o aborto espontâneo num período de entre 10 e 13 semanas de gravidez, mas houve uma relação com o aborto ocorrido num período de entre 13 e 16 semanas”, disse Phillip Hay, da Escola de Medicina do Hospital St. George, em Londres.
“A partir de cerca de 13 semanas torna-se um grande fator de risco para o aborto espontâneo”, acrescentou.
A VB desenvolve-se quando há uma alteração no equilíbrio das bactérias, mas os médicos não sabem o que aciona esse processo.
O problema é bastante comum, e muitas mulheres podem não saber que sofrem dele. A cura pode acontecer espontaneamente ou com o uso de medicamentos.
Mulheres com vários parceiros sexuais ou aquelas que estão iniciando uma relação parecem ter mais propensão a apresentar o problema.
O Dr. Hay acredita que a VB pode ser a causa de abortos tardios e inexplicáveis, que ocorrem em cerca de dois por cento das gestações.
“Aproximadamente 10 por cento das mulheres em nosso estudo abortaram espontaneamente num período de entre 10 e 16 semanas”, afirmou.
Desequilíbrio
O Dr. Hay e seus colegas estudaram 1.216 mulheres grávidas que fazem acompanhamento em clínicas de planejamento familiar de Londres.
A pesquisa, publicada na British Medical Journal, constatou que o abortamento foi mais comum entre as 174 mulheres, ou 14,5 por cento, que tinham VB.
Não houve aumento do risco de aborto espontâneo nas mulheres com infecção por clamídia.
Os pesquisadores estão planejando novos estudos para determinar se o tratamento da VB vai reduzir o risco de abortamento espontâneo.
Eles suspeitam que o desequilíbrio bacteriano estimule algum processo no útero que causa a perda do bebê.
“O próximo passo da pesquisa é fazer um estudo de tratamento com antibióticos nos primeiros estágios da gravidez para ver se podemos melhorar o resultado”, acrescentou.
O aborto espontâneo é mais comum nos três primeiros meses de gravidez. Cerca de 25 por cento das gestações terminam em aborto, mas o risco diminui após a oitava semana.
Distúrbios cromossômicos e a incapacidade do embrião de se implantar no útero são causas comuns de abortamento.
Mesmo assim, mulheres que sofrem abortos espontâneos não estão impedidas de engravidar novamente.
Gestações múltiplas, histórico de abortamentos, febre alta, fumo e diabetes mal controlado também podem aumentar esse risco.
Fonte: Reuters



