09/12/2002 11h04 – Atualizado em 09/12/2002 11h04
Ao chegar a Maláui para uma visita de três semanas aos países do sul da África atingidos pela fome e Aids, Stephen Lewis, enviado especial à da Organização das Nações Unidas (ONU) para HIV e Aids, afirmou que a falta de ação do Ocidente é hipócrita perante os compromissos públicos de ajuda assumidos. “As nações ocidentais têm feito pouco para ajudar os países africanos a combaterem a fome e a Aids”, disse.
A Aids já matou mais de 20 milhões de pessoas e infectou outras 40 milhões, especialmente no continente africano. “É horrível ver a lentidão do mundo em responder a essa crise humanitária”, apontou ele. “Há um padrão duplo horrível em relação a como no meu país, Canadá, por exemplo, as pessoas podem viver mais com o HIV enquanto os africanos morrem.”
Os caros medicamentos para retardar o desenvolvimento da doença estão muito mais disponíveis em países ricos do Ocidente do que na África, onde o número de infectados é muito maior.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, acredita que são necessários 10 bilhões de dólares para combater a Aids, a malária e a tuberculose, mas um fundo criado para esse fim conseguiu arrecadar apenas 2,1 bilhões, destacou Lewis. O enviado da ONU já passou pela África do Sul, Lesoto, Botsuana e Zimbábue. De Maláui, ele seguirá para a Zâmbia na quarta-feira.
Ele tem usado sua viagem para ressaltar a ligação entre a Aids e a pior crise de alimentos na região há anos. A crise da fome, acentuada pela seca e a má administração política, ameaça causar a morte de 14 milhões de pessoas em seis países do continente, de acordo com o Programa Mundial de Alimentação da ONU.
“Sabemos que existe muita comida, alimentos inundam o mundo, mas há algo profundamente errado em algum lugar, algo moralmente errado”, afirmou Lewis.
Fonte: Reuters





