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domingo, 21 de dezembro de 2025

Estudo examina suposta relação entre pílula, mutação genética e câncer de mama

06/12/2002 14h11 – Atualizado em 06/12/2002 14h11

WASHINGTON – Um novo estudo, divulgado na publicação Journal of the National Cancer Institute, mostra que mulheres que têm o gene BRCA1 e começaram a tomar pílula anticoncepcional muito cedo ou aquelas que o fizeram antes de 1975 correm risco muito maior de desenvolver câncer de mama.

O estudo descobriu que as mulheres portadoras do BRCA1 que tomaram contraceptivos orais anos atrás aumentaram entre 33 e 42 por cento seu risco de ter tumores nos seios, em comparação com as portadoras do BRCA1 que não tomaram pílula.

O Dr. Steven A. Narod, que comanda as pesquisas sobre câncer de mama no Centro de Pesquisa sobre a Saúde da Mulher da Universidade de Toronto, no Canadá, afirmou que o estudo não quer dizer que as modernas pílulas anticoncepcionais sejam perigosas para as mulheres que têm o gene da doença.

“Por esses dados, as únicas mulheres que correram maior risco começaram a tomar a pílula antes de 1975. Além disso, elas tiveram que tomá-la quando jovens, antes dos 25 anos”, disse o Dr. Narod, principal autor do estudo.

Segundo o especialista, aquelas que devem ter mais atenção são as que tomaram a pílula quando eram jovens, há muito tempo.

As pílulas anticoncepcionais modernas têm apenas uma fração dos hormônios que estavam presentes naquelas usadas antes de 1975, de acordo com o médico.

O Dr. Narod afirmou que o estudo também mostrou que o risco é maior se as mulheres começaram a fazer uso do contraceptivo oral antes dos 25 anos, ou se o consumiram por mais de cinco anos.

O estudo é baseado numa análise de históricos de saúde de mais de 2.600 mulheres, em 11 países, todas portadoras de mutações dos genes BRCA1 ou BRCA2.

Metade das mulheres estudadas havia tomado pílulas e a outra metade, não.

O estudo comparou a incidência de câncer de mama entre os dois grupos e concluiu que aquelas que tomaram pílula estavam expostas a um risco maior.

Rara mutação de genes

Estudos anteriores haviam mostrado que mutações dos genes BRCA1 e BRCA2 aumentam em cerca de 60 por cento ou mais o risco de uma mulher ter câncer de mama.

As mutações são relativamente raras – ocorrem em uma em cada 250 mulheres na população em geral e respondem por menos de 10 por cento de todos os tipos de câncer.

O Dr. Narod disse que o novo estudo mostra que o uso precoce da pílula aumenta o risco de câncer para até 85 por cento nas mulheres portadoras do BRCA1 em comparação com aquelas que não têm o gene mutante.

O uso de contraceptivos orais não parece aumentar o risco entre as portadoras do BRCA2. O motivo da diferença, segundo o Dr. Narod, é ainda desconhecido.

Debbie Saslow, diretora de controle de câncer de mama e ginecológico da American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer), disse que o estudo sugere que as mulheres portadoras do BRCA devem ter cuidado ao optar pelo uso de contraceptivos orais.

Mesmo assim, a especialista disse que essa pesquisa necessita ser verificada em outros estudos antes que suas descobertas possam ser aplicadas de uma maneira geral.

“Não tomamos decisões abrangentes com base em um único estudo”, disse.

As decisões sobre o uso de contraceptivos orais por portadoras dos genes BRCA, ainda segundo Saslow, são complexas, já que a pílula, de uma certa forma, protege contra o câncer de ovário, um mal muito mais difícil de detectar e altamente letal.

“As mulheres que têm mutações do BRCA1 precisam conversar com seus médicos”, aconselhou.

Narod afirmou que os pesquisadores estão reunindo dados para determinar se essas mulheres correm maior risco de desenvolver câncer de mama na menopausa se optarem pela terapia de reposição hormonal.

“Com base no que vi sobre as pílulas, temo que os hormônios exponham essas mulheres a maiores riscos”, afirmou.

Os resultados do estudo não estarão prontos antes de um ano, segundo Saslow.

Fonte: Associated Press

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