05/12/2002 08h34 – Atualizado em 05/12/2002 08h34
LONDRES – A pele dos recém-nascidos é mais forte do que parece, de acordo com um novo estudo divulgado na publicação British Journal of Dermatology. Ela tem uma barreira de defesa, formada por antibióticos peptídeos, que protege os bebês de infecções nos primeiros momentos de vida.
A barreira está presente na pele de todos os bebês, assim como no verniz caseoso – a substância branca e cremosa que os envolve no útero, ainda de acordo com os autores da pesquisa.
Esses antibióticos naturais parecem ser ativados por um rash cutâneo comum em crianças, o eritema tóxico, cujas causas ainda são pouco conhecidas.
Os antibióticos peptídeos são parte da proteção da superfície do corpo contra invasores microbianos. Eles agem como uma primeira linha de defesa que é separada do sistema imunológico.
Embora sejam encontrados na pele dos adultos, pouco se sabia até agora sobre sua presença em crianças pequenas. As descobertas sugerem, no entanto, que têm papel vital na proteção dos bebês durante a transição entre o ambiente estéril do útero e o mundo cheio de micróbios.
Para ver se os antibióticos estavam presentes nos recém-nascidos, os pesquisadores estudaram quatro bebês que desenvolveram eritema tóxico horas depois de terem nascido. Eles foram comparados com outros quatro bebês que não tiveram o problema cutâneo.
Os pesquisadores avaliaram amostras de tecido de pele para ver se podiam localizar sinais de dois antibióticos peptídeos em particular – chamados LL-37 e HBD-1.
Os resultados mostraram que nos quatro bebês com eritema havia uma alta concentração de células produzindo o peptídeo LL-37.
Crianças sem o problema não apresentaram essas células. Evidências semelhantes foram encontradas a respeito do HBD-1.
Em seu artigo, os pesquisadores do Instituto Karolinska, da Suécia, liderados pela Dra. Giovanna Marchini, disseram: “O recém-nascido é equipado com um sistema de defesa antimicrobiano da pele que é muito mais do que apenas uma barreira mecânica.”
Uma análise separada do verniz caseoso de seis bebês saudáveis nascidos de cesariana mostrou que as amostras continham o LL-37.
“O verniz apresentou uma clara atividade antibacteriana, mostrando que os polipeptídeos microbicidas já estão presentes em elevadas concentrações durante a vida fetal. O feto tem a capacidade de secretar esses peptídeos, talvez a fim de se preparar para a colonização microbiana”, concluíram.
Fonte: Reuters



