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domingo, 14 de dezembro de 2025

Brasileiros identificam gene inibidor de fungo na cana

05/12/2002 14h51 – Atualizado em 05/12/2002 14h51

Pesquisadores da UFSCar acabam obter o primeiro resultado prático do mapeamento genético da cana-de-açúcar. Eles identificaram um gene que é responsável pela produção de proteína capaz de inibir o crescimento de fungos causadores de doenças na planta. Com a descoberta será possível selecionar variedades de cana-de-açúcar mais resistentes a pragas ou até fazer outras transgênicas com essa característica.

O seqüenciamento do genoma da cana-de-açúcar, realizado entre abril de 1999 e dezembro de 2000, foi resultado de um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que envolveu cerca de 60 laboratórios do Estado, entre os quais o Laboratório de Fitopatologia Molecular e Engenharia Genética (Lafimeg), da UFSCar.

Foram identificados 43 mil genes, cujos fragmentos – cerca de 300 mil seqüências – estão armazenados no Brazilian Clone Collection Center (BCCC), em Jaboticabal (SP), construído especificamente para esse fim.

O que o biólogo Flávio Henrique da Silva, do Departamento de Genética e Evolução da UFSCar, e sua orientanda, Andréa Soares da Costa, fizeram foi pegar essas seqüências gênicas e compará-las com o banco de dados do Gene Bank – o banco mundial de genes. “Encontramos uma seqüência na cana similar a uma presente no arroz, que produz uma proteína capaz de impedir o crescimento de fungos”, explica Silva. “Ela inibe a cisteinoprotease, uma proteína fundamental para o desenvolvimento do fungo.”

Depois de identificado o gene responsável pela produção da proteína inibidora de fungos – batizada por eles de canacistatina -, os pesquisadores o implantaram na bactéria E. coli. “Essa bactéria passou, então, a produzir a canacistatina em grande quantidade”, explica Silva. “Nós pegamos essa proteína produzida, a purificamos e a testamos.”

Segundo Silva, foram realizados testes, tanto in vitro como in vivo. “No primeiro, colocamos em contato a canacistatina com a cisteínoprotease. Notamos que a primeira inibiu a segunda, como esperávamos. Depois testamos a canacistatina diretamente no fungo não patogênico Trichoderma ressei (que não casa a doença) e nos patogênicos Colletrichum s.p. e Fusarium moniliforme. Constatamos que ela impede o crescimento dos fungos.”

O Fusarium é praga onipresente nos canaviais, causando grandes prejuízos, já que provoca doenças na base do gomo ou uma espécie de “podridão” no topo da cana. A descoberta dos pesquisadores da UFScar pode ser uma solução contra essa praga.

Fonte: Ag. Estado

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