04/12/2002 09h15 – Atualizado em 04/12/2002 09h15
DILI – O governo de Timor Leste declarou estado de emergência depois de distúrbios de rua que irromperam durante um protesto de estudantes em Dili, a capital.
Pelo menos uma pessoa morreu nos choques entre os manifestantes e a Polícia, de acordo com o escritório da Organização das Nações Unidas no país.
Agências de notícias, no entanto, afirmaram que o número de vítimas fatais pode chegar a cinco. Houve ainda dezenas de feridos.
Durante os choques, vários prédios, incluindo a residência do primeiro-ministro Mari Alkatiri, foram incendiados.
Os choques mais violentos ocorreram perto do Parlamento, onde centenas de manifestantes lançaram pedras e bombas incendiárias contra policiais que protegiam o prédio.
Baderneiros aproveitaram a confusão para realizar saques, incendiando um supermercado e saindo de várias lojas com aparelhos de televisão e outros aparelhos.
O governo da Austrália informou que soldados da missão de manutenção da paz, das Nações Unidas, juntaram-se às forças de segurança de Timor Leste em seus esforços para restabelecer a ordem.
Informações desencontradas
Houve informações contraditórias sobre o que teria causado a violência.
Sabe-se, no entanto, que os protestos tiveram início na terça-feira, depois que a polícia deteve um estudante, por razões ainda não esclarecidas.
Nesta quarta-feira, centenas de estudantes convergiram para o Parlamento, com o objetivo de protestar contra a detenção.
De acordo com um comunicado da ONU, representantes dos estudantes receberam a promessa de uma reunião com parlamentares a fim de discutir a detenção.
Como nenhum parlamentar apareceu para conversar, a multidão começou a ficar impacientes, o que teria iniciado os choques com a polícia.
Pouco depois, o presidente da comissão de Educação, Antônio Cardoso, emergiu para se encontrar com os estudantes, mas foi atingido por uma pedra na cabeça.
Com o incidente, segundo o comunicado da ONU, a situação deteriorou-se. Pelo menos dois estudantes foram atingidos por tiros disparados pela Polícia e um deles morreu.
Testemunhas disseram que dois estudantes teriam morrido nesse choque, incluindo um, de 16 anos, que teria sido atingido na cabeça por um tiro disparado pela Polícia.
A onda de violência irrompeu apenas seis meses depois da independência formal de Timor Leste, depois de um período de transição iniciado em meados de 1999.
Grande parte do país ainda tem as marcas das dolorosas e sangrentas semanas que antecederam o plebiscito sobre a independência, em agosto de 1999, quando milícias pró-Indonésia instauraram o terror no então território controlado por Jacarta desde a retirada portuguesa, em meados dos anos 1970.
De acordo com a ONU – que supervisionou a transição de Timor Leste para a independência – mais de 1.000 pessoas morreram naquela onda de violência, milhares de casas e estabelecimentos comerciais foram destruídos, e mais de 200 mil habitantes foram obrigados a deixar o território.
Timor Leste foi finalmente declarada independente em maio passado, emergindo na arena global como um dos países mais pobres do mundo.
Fonte: Associated Press e da Reuters




