03/12/2002 14h05 – Atualizado em 03/12/2002 14h05
A oposição venezuelana manteve pelo segundo dia consecutivo a greve geral para tentar forçar o presidente Hugo Chávez a convocar eleições antecipadas, num protesto que pode afetar a produção de petróleo do país, o quinto maior exportador mundial do produto. A adesão à greve foi apenas parcial em todo o país, e o governo disse que os principais setores da economia, como as indústrias de petróleo, aço e alumínio, não foram atingidos.
Mas Ali Rodríguez, diretor da estatal petroleira PdVSA, admitiu que entre 35 e 40 por cento dos seus funcionários cruzaram os braços. Alguns diretores e funcionários da estatal disseram ter sofrido ameaças do governo.
Além disso, a adesão ao movimento parece ter sido menor hoje. Em Caracas, o movimento nas ruas ainda é inferior ao normal, porém mais expressivo que na véspera. A única exceção foi nos postos de gasolina, onde há filas por causa do temor de desabastecimento.
A oposição, por sua vez, afirma que a greve é um sucesso, com adesão de 80% das empresas e trabalhadores na segunda-feira. O governo falou em apenas 20%. Os organizadores dizem que só na tarde ou na noite de terça-feira vão decidir a duração da greve.
A oposição quer a realização de um referendo em 2 de fevereiro sobre a permanência de Chávez do governo. O presidente afirma, porém, que a Constituição só prevê a realização de um referendo desse tipo a partir da metade de seu mandato, em agosto. A Justiça já se manifestou contrariamente à realização da votação.
A adesão à greve é maior nos bairros de classe média e alta de Caracas. Na zona leste da cidade, a maioria das empresas fechou as portas, embora alguns lojistas tenham preferido abrir para aproveitar a temporada do Natal.
“Abrimos hoje porque não temos muito dinheiro, então se não trabalharmos”, resmungou Henry Torres, que fechou seu bar no rico bairro de Chacao na segunda-feira, mas mudou de idéia na terça. “Temos de pagar o aluguel, e ele é caro.”
Perto dali, em uma livraria, um cartaz com tinta vermelha dizia: “Estarei com essa greve até que Chávez saia”. O governo acusa a oposição de tentar criar um clima de instabilidade que leve a um novo golpe militar, como o que ocorreu em abril, quando Chávez ficou dois dias fora do governo. Mais de 60 pessoas morreram naqueles incidentes.
Fonte: Reuters





