02/12/2002 10h16 – Atualizado em 02/12/2002 10h16
Uma equipe de especialistas chineses em Aids avisou o governo que há uma chance para evitar que 10 milhões de pessoas sejam infectadas pelo HIV/Aids até 2010, impedindo, desse modo, uma grande epidemia no país.
A China pode ter 12 milhões de infectados pelo HIV em 2010 se o governo continuar de braços cruzados, mas se algo for feito rapidamente, essa taxa seria reduzida para 2,2 milhões, disseram os especialistas após um estudo.
“Agora ainda existe uma chance de evitar e controlar a ampla disseminação da Aids na China”, aponta o estudo. “Essa também pode ser a última oportunidade.”
Pesquisadores do Ministério da Saúde, do Instituto de Informação e Controle de Doenças e o grupo de consultoria Future Group, de Londres, participaram da pesquisa.
A China estima que no final de junho 1 milhão de pessoas estavam com o HIV, número que poderia chegar a 10 milhões até o fim da década, segundo previsões da Organização das Nações Unidas (ONU).
Apesar da taxa de infectados na China, que tem mais de 1 bilhão de habitantes, ser relativamente pequena se comparada aos 28 milhões de vítimas na África Subsaariana, cuja população ronda os 700 milhões, o novo estudo indica que a situação poderia ser pior.
Medidas
“A projeção de que a China terá 10 milhões de infectados pelo HIV/Aids até 2010 está baseada na suposição de que o governo não está tomando medidas substanciais agora para evitar uma epidemia”, disse o líder do grupo Yuan Jianhua, do Instituto de Informação e Controle de Doenças de Pequim.
Ele acrescento que faltam medidas “especialmente entre prostitutas e usuários de drogas injetáveis, os dois grupos sob maior risco”.
Os pesquisadores passaram três meses nas províncias de Guangdong, Guangxia e Shanxi e se concentraram nos efeitos da Aids na China, onde poucas vítimas podem pagar os altos preços dos coquetéis de medicamentos e correm o risco de perder o emprego e benefícios caso admitam a enfermidade.
Segundo a pesquisa, o país terá 260 mil órfãos da Aids até 2010 e seu orçamento médico com gastos da doença pode chegar aos US$ 725 milhões, comparado a apenas 26 milhões de 2001.
Mas o estudo também oferece um cenário otimista, no qual a China reduziria a transmissão do HIV até 2004 através de investimentos, campanhas educativas e programas de prevenção para usuários de drogas, prostitutas, homossexuais e migrantes.
“A China tem uma oportunidade de ouro para enfrentar o problema”, disse o médico Ray Yip, do Unicef, que também participou da pesquisa.
Fonte: Reuters
