23/10/2002 15h14 – Atualizado em 23/10/2002 15h14
SÃO PAULO – Uma testemunha presenciou o assassinato da advogada Ana Maria Olivatto, de 35 anos, que prestava serviços para o PCC.
Ela foi achada morta às 11h50m de hoje, no conjunto habitacional Inocoop, na cidade de Guarulhos, região metropolitana da capital.
Ana Olivatto estava atuando como advogada de Petronilha Maria de Carvalho Felício, mulher do preso José Márcio Felício, o Geleião, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que atua nos presídios de São Paulo.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no 7º distrito policial de Guarulhos, Ana Maria foi morta por volta de 11h30, quando estava em seu carro, deixando a garagem do prédio em que morava. Três tiros foram disparados contra ela, mas apenas dois a atingiram. Ela ainda foi socorrida ao Pronto Socorro Bonsucesso, mas não resistiu.
A testemunha do crime, cuja identidade está sendo preservada pela polícia, disse ter visto um homem disparando os tiros.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Ana Maria acompanhou o depoimento de Petronilha realizado ontem no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Petronilha foi presa durante investigação da polícia sobre o atentado que estava sendo planejado contra a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As buscas e a prisão de Petronilha resultaram no abandono de um carro com cerca de 30 quilos de explosivos na rodovia Anhangüera na última segunda-feira.
Petronilha negou-se a falar no depoimento no Deic e ainda não foi indiciada pela participação na tentativa de atentado. O promotor Roberto Porto afirmou, no entanto, que o conteúdo da escuta telefônica não deixa dúvidas da participação dela na ação. Segundo a polícia, ela visitava Geleião no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no Oeste do estado, e recebia informações que eram repassadas, por telefone celular, ao preso Nilson Paulo Alcântara dos Reis, o Faísca, que está na cadeia de Iaras.
Além de ter atuado como advogada de integrantes do PCC, Ana Maria Olivatto era ex-mulher do presidiário Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, também integrante da quadrilha. Ana conheceu Marcola dentro da Casa de Detenção, no Complexo do Carandiru, e se apaixonou por ele. Durante a semana freqüentava o local como advogada e, nos fins de semana, como visitante. O casamento acabou em 1997, mas ela continuou atuando como defensora de presos, muitos deles integrantes do PCC.
Gravações realizadas pela Pólícia mostraram que o PCC estava rachado. O líder da organização, Geleião, coordenava uma onda de atentados como a tentativa frustrada ao prédio da Bovespa. No entanto, geleião havia sido contrariado por outros dois lideres – o Marcola e o Cesinha, que se posicionaram contra a ação. Eles defendiam a manutençao da paz nas prisões e nas ruas
Fonte: CBN / GloboNews