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quinta-feira, 8 de maio de 2025

“Tensão e voto útil” marcam reta final da eleição no Brasil

30/09/2002 13h09 – Atualizado em 30/09/2002 13h09

A subida do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na pesquisa divulgada pela edição do jornal Folha de São Paulo deste domingo deve acirrar os ânimos na última semana da campanha eleitoral.

Na opinião de cientistas políticos, o PT deverá concentrar os esforços em se defender de eventuais ataques e em criar um clima favorável ao “voto útil” da oposição, para encerrar a eleição já em 6 de outubro.

Ainda segundos os cientistas políticos, os três candidatos que brigam por um lugar no segundo turno – José Serra (PSDB), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) – devem tentar equilibrar suas campanhas entre ataques aos adversários e promessas mais vigorosas.

“Esta semana é decisiva e o debate do dia 3 (de outubro, transmitido pela Rede Globo) vai definir se teremos ou não o segundo turno”, avalia o cientista político Marques Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

Divergência

A pesquisa do Datafolha mostra Lula com 49% das intenções de votos válidos (excluídos os brancos e nulos). Serra tem 21%; Garotinho, 16%; e Ciro Gomes, 12%.

Para ganhar no primeiro turno, o candidato petista precisa de 50% dos votos válidos mais um voto.

Em entrevista antes da divulgação desses dados, o cientista político Christopher Garman, da consultoria Tendências, ponderou que as pesquisas do Datafolha têm divergido de outros levantamentos como os do Ibope.

“Enquanto os dados do Datafolha mostram uma subida constante de Lula, os do Ibope, por exemplo, têm mostrado uma volatilidade nesses números”, afirma ele.

Garman se refere ao fato de uma pesquisa do Ibope divulgada no meio da semana passada ter mostrado uma pequena redução de intenções de voto para o petista.

De qualquer maneira, o consultor da Tendências concorda que a disputa será muito apertada e que a própria indefinição do nome que poderá estar com Lula no segundo turno deve aumentar a tensão na reta final.

Gustavo Venturi, um dos coordenadores de pesquisa da campanha do PT, trabalha com dois cenários que podem favorecer ou evitar a ocorrência do segundo turno.

No cenário negativo à candidatura petista, Venturi vê uma ampliação e maior eficácia nos ataques contra Lula, o que impediria a subida necessária para vencer em 6 de outubro.

“Essa tática tem mostrado pouca eficácia, mas precisamos aguardar para ver como os candidatos vão se comportar”, afirma ele.

No cenário positivo para o PT, o pesquisador vê a possibilidade de que os eleitores que não votam em Serra desistam das candidaturas de Ciro e Garotinho em favor de Lula.

“O PT mostrou no passado a capacidade de crescer alguns pontos na reta final das eleições e esse fenômeno poderia se reproduzir agora”, diz Venturi.

Aposta

A reação dos candidatos à pesquisa deste domingo foi inversamente proporcional aos números.

O PT, como já vinha fazendo, apostou em um discurso oficial cauteloso. O porta-voz de Lula, André Singer, disse que “o partido ficou feliz com o resultado, mas continua trabalhando para chegar ao segundo turno com a maior votação possível”.

Garotinho, que assim como Serra não viu sua posição nas pesquisas se alterar, foi enfático ao falar do assunto.

“A pesquisa confirma o que venho afirmando. Eu e Lula estaremos no segundo turno. E eu vou ganhar as eleições”, disse ele.

Serra e Ciro fizeram afirmações semelhantes em entrevistas dadas após a divulgação dos dados do Datafolha.

Uma das explicações para a cautela petista seria o fato de que apostar na vitória no primeiro turno poderia ser contraproducente.

A lógica é que, se a vitória não ocorrer apesar da expressiva votação que Lula deve obter, o resultado poderia gerar uma sensação de derrota.

Apesar disso, alguns petistas, como o presidente do PT, José Dirceu, já falam abertamente em vitória.

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