10/02/2011 10h12 – Atualizado em 10/02/2011 10h12
As gêmeas morenas, porém, sabem que o ano é fundamental para a carreira como atleta devido ao Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai, na China, em julho, e ao Pan de Guadalajara, no México, em outubro
Folha On-line
No mesmo início de ano em que as musas Bia e Branca Feres, 22, pedem dispensa da seleção para se dedicarem à TV a às campanhas publicitárias, o Brasil já vê novas gêmeas em sua equipe principal de nado sincronizado.
Daniella e Gabriella Figueiredo, 18, ainda estão longe do glamour das apresentadoras loiras da MTV, que sentenciaram para 2011: “Financeiramente é melhor ficar fora da seleção”.
As gêmeas morenas, porém, sabem que o ano é fundamental para a carreira como atleta devido ao Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai, na China, em julho, e ao Pan de Guadalajara, no México, em outubro.
“A saída [de Bia e Branca] é ruim porque sentimos falta delas na equipe, somos amigas, são nossas fadas madrinhas. Mas abriram-se duas vagas, sim, e elas eram titulares. Temos que aproveitar”, afirma Gabriella, a mais falante das gêmeas.
As irmãs paraenses compõe as seleções brasileiras de base desde 2007 e, um ano depois, mudaram-se de Belém para o Rio, apenas com a “babá” Célia que “faz tudo” para elas e a ajuda financeira dos pais, Milton e Marilea, respectivamente delegado e escrivã aposentados da Polícia Federal.
Os pais fazem visitas periódicas às filhas e pagam até mesmo o aluguel do apartamento no qual elas moram em Ipanema.
Afinal, os R$ 1.500 (serão R$ 1.850 ainda este ano) que cada uma recebe do programa Bolsa Atleta do governo federal não sustentam as despesas de quase R$ 4 mil com a moradia perto do Flamengo, onde treinam.
“Quando o treino é no Maracanã [no Parque Aquático Júlio Delamare], dependemos da carona de outras atletas da seleção”, revela a gêmea mais quieta Daniella.
Em razão do incentivo governamental, elas não podem ter salário do clube nem patrocínios externos.
E ainda há as aulas do terceiro semestre de Direito, que cursam na Estácio de Sá, para completar o dia a dia das jovens atletas.
Aplicando-se o rótulo de “biótipo perfeito” para o nado sincronizado, Gabriella (1,68m e 58kg) e Daniella (meio centímetro mais alta e com 52kg) não desejam ficar marcadas como as “novas gêmeas” ou “gêmeas morenas” da seleção.
No entanto, nos últimos dois Jogos Pan-Americanos, o Brasil contou com gêmeas e colheu medalhas de bronze na modalidade: em Santo Domingo-2003, com Carolina e Isabela no dueto e, quatro anos depois, no Pan do Rio, com Bia e Branca na apresentação do conjunto.
“Claro que ser gêmea ajuda. O nado é um esporte estético”, diz Gabriella que, ao lado da irmã, é umas das 12 atletas (oito são titulares) da seleção sênior permanente, que treina no Rio.
Para o Mundial serão convocadas dez delas. No Pan, apenas nove embarcam com a equipe nacional.
“Competimos apenas uma vez separadas, e foi horrível”, recorda Gabriella, que esteve no Sul-Americano de 2010 sem a irmã.
Enfim, como as paraenses não planejam mudança para apresentações em circos e espetáculos do exterior igual a Isabela e Carolina ou dedicar-se à MTV como Bia e Branca, elas começam a curtir juntas o ano em que se tornaram as novas e morenas gêmeas da seleção brasileira de nado sincronizado.
