30/03/2012 10h54 – Atualizado em 30/03/2012 10h54
Campeã nas seletivas nacionais Sub-17 e Sub-20 aos 15 anos, Larissa Farias se divide entre treinos, torneios e estudos: ‘É a única forma de ter sucesso’
Da Redação*
Larissa Farias é estudiosa, gosta de ir à igreja e conversar com os amigos usando o computador. Parece uma menina comum de 15 anos, apenas pequenina em comparação às amigas, com seus 44 quilos distribuídos em 1,45m. Os hábitos comuns e a aparência frágil, porém, escondem o potencial de uma verdadeira joia do judô brasileiro. Campeã com sobras das seletivas nacionais das categorias Sub-17 e Sub-20, lutando com adversárias até cinco anos mais velhas, a menina prodígio de Mato Grosso do Sul terá uma agenda intensa em 2012. Em meio à preparação para o vestibular, a jovem judoca foi selecionada para fazer estágios no exterior com atletas das duas categorias e conhecerá quatro países entre preparação e torneios.
A rotina de Larissa é intensa. De segunda a sexta-feira, além das aulas na escola, treina duas vezes por dia. Nos fins de semana, participa de mais uma sessão de treinamentos na academia e ainda frequenta cultos e o grupo jovem de uma igreja evangélica. Apesar do pouco tempo livre, a jovem judoca garante que o esforço vale a pena. E mostra com orgulho a coleção de medalhas como prova.
“Estudo em um colégio militar agora, e está bem mais difícil conciliar treinos e aulas com os resultados que eu tive recentemente. E ainda quero passar no Enem já neste ano (ainda cursa o 2º ano do Ensino Médio) para Educação Física. Para dar conta de tudo acabo tirando parte do tempo em que poderia dormir ou sair, mas é um esforço a mais pelo qual sei que vou ser recompensada. É a única forma de ter sucesso”.
Sul-mato-grossense começou no judô com apenas 5 anos. Aos 6, recebeu a faixa cinza na primeira troca das mãos do campeão olímpico Aurélio Miguel. Em 2008, passou a levar o esporte a sério com perspectivas profissionais. No primeiro Brasileiro da categoria, foi vice-campeã, e só não disputou o Sul-Americano devido a uma lesão. Desde então somou medalhas nas Olimpíadas Escolares, seletivas estaduais e nacionais, lutou em Uruguai, Peru e Chile e participou do último Brasileiro Sênior para ganhar experiência.
A bagagem, aliás, deve aumentar significativamente nesta temporada. Agora em abril, Larissa viaja para a Romênia e para a Alemanha onde, durante quase 20 dias, treinará com atletas de até 17 anos. No final de julho, passará uma nova temporada, desta vez na República Tcheca e novamente na Alemanha, com judocas da Sub-20. Em agosto, há o Pan-Americano Júnior, na Guatemala, mas a menina ainda não sabe em qual das duas categorias lutará.
Como viajo desde pequena sozinha, meus pais são bem tranquilos, já têm confiança e responsabilidade. Agora como vou passar um tempo maior fora de casa, conhecendo a Europa, estão muito entusiasmados. Graças a Deus as viagens são em época diferentes e não vão bater com as provas mais importantes. Justifiquei as faltas e vou ter auxílio dos professores com as matérias para poder me concentrar no judô. Vai ser complicado pegar o conteúdo, mas vou me dedicar e vai dar tudo certo.
O crescimento de Larissa no esporte, porém, ainda é limitado pela falta de patrocínio. Além da Academia Rocha, onde treina, e da CBJ, com o custeio de algumas passagens, a judoca não tem qualquer apoio financeiro. É o pai quem banca quimonos, material e demais despesas quando a menina está longe de casa.
“Preciso de dois quimonos, mas está difícil. Já é complicado achar do meu tamanho, porque sou pequenininha, e ainda precisa ser padronizado. Para colocar o back number nas costas custa 100 dólares cada, é feito na Europa. Enquanto eu competia só a nível regional meu pai ainda conseguia me bancar, mas agora que estou saindo do país ficou muito puxado. Este ano vou a quatro, cinco países, e não sei como vai ser. Estamos correndo atrás de ajuda de custo, senão vai ser complicado”.
FUTURA TÉCNICA ELOGIA LARISSA
Treinadora da Seleção Brasileira Sub-17, Andrea Berti vai trabalhar com Larissa pela primeira vez este ano. Mas, mesmo antes do início da convivência, no estágio internacional da categoria em abril, a técnica já colheu informações sobre o estilo de luta da sul-mato-grossense e ficou bastante satisfeita com o que viu nas seletivas nacionais. Além de elogiar a futura pupila, Andrea lamentou a não realização do Mundial neste ano, pois acredita que a menina teria grandes chances de se destacar.
Nosso trabalho em conjunto ainda vai começar. Já tinha visto ela lutar, mas só a avaliei melhor nesta seletiva. Gostei bastante do judô dela, das características de luta e de personalidade. Ela tem muita garra e um judô completo, com golpes em pé e um Ne Waza (golpes de chão) muito bons. Acredito que vai ser fácil trabalhar com ela. Pena que, este ano, não teremos o Mundial por conta das Olimpíadas. Tenho certeza que ela teria condições de brigar por medalhas no Sub-17.
(*) Com informações do G1/MS
