Vale lembrar que Três Lagoas é o município com o maior valor de exportação, alcançando US$ 605.394.976, representando 24% do total exportado pelo estado, segundo dados recentes da Semadesc
Durante a sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (13), o vereador Fernando Jurado (PP) fez um pronunciamento firme sobre o recente leilão da Rota da Celulose, realizado pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Embora o resultado da concessão tenha sido positivo para o desenvolvimento logístico da região, a notícia veio acompanhada de uma constatação preocupante: o trecho entre Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, um dos mais movimentados e perigosos, não será contemplado com duplicação.
SEM DUPLICAÇÃO
O projeto da Rota da Celulose prevê investimentos em infraestrutura, como construção de terceiras faixas e duplicações, em diversas rodovias que compõem o corredor logístico da celulose. No entanto, a duplicação ocorrerá apenas no trecho de 145 km entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo. Já a parte mais crítica, de Ribas até Três Lagoas, receberá apenas faixas adicionais em alguns pontos, apesar de registrar um fluxo intenso de caminhões e carretas diariamente, com destaque para o transporte de madeira e celulose.
Fernando Jurado ressaltou o contrassenso da medida, lembrando que Três Lagoas é justamente o berço da indústria de celulose no estado e hoje é a maior exportadora do setor. A cidade, considerada polo industrial do Mato Grosso do Sul, carrega boa parte do PIB industrial nas costas, mas segue sem a devida atenção por parte do governo estadual no que diz respeito à infraestrutura logística.
RODOVIA DA MORTE
Segundo ele, é justamente nessa região, especialmente na BR-262, que liga Três Lagoas a Ribas do Rio Pardo e Água Clara, onde se concentra o maior número de acidentes. O trecho é popularmente conhecido como ‘rodovia da morte’.
“No último domingo, um casal perdeu a vida no km 87 da rodovia, e uma criança permanece em estado grave. A falta de acostamento, sinalização deficiente e o tráfego intenso tornam a rodovia um verdadeiro risco diário para quem trafega por ela”, alertou.
Jurado disse ainda que, num primeiro momento, chegou a gravar um vídeo comemorando a concessão. Contudo, ao aprofundar-se nos detalhes do projeto, percebeu que a cidade foi deixada de lado. “Além de ficarmos sem duplicação, ainda seremos cobrados com pedágio. Ou seja, o três-lagoense vai pagar para usar uma rodovia que continua perigosa e sem estrutura compatível com o fluxo que recebe”, lamentou.
LEVANTAMENTO DE OCORRÊNCIAS
O parlamentar anunciou que já solicitou ao seu gabinete um levantamento junto à Polícia Rodoviária Federal para reunir os números de acidentes registrados no trecho nos últimos anos. Ele defende que a região entre Três Lagoas e Água Clara está entre as mais perigosas e mais movimentadas dos 330 km da Rota da Celulose, o que, por si só, justificaria investimentos prioritários em duplicação.
Ao final do discurso, Jurado fez um apelo à classe política de Três Lagoas para que se mobilize. “É hora de a cidade discutir seriamente a necessidade de eleger representantes para a Assembleia Legislativa e para a Câmara Federal. Só assim poderemos evitar que Três Lagoas, mesmo sendo motor da economia estadual, continue sendo preterida nas decisões estratégicas do governo”, concluiu.
FALTA DE REPRESENTATIVIDADE
Após apontamentos do vereador, foi levantado outra questão: a falta de representatividade política da cidade. Três Lagoas está há décadas sem um deputado federal e há pelo menos seis anos sem representação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Antes, Simone Tebet exercia mandato de senadora, que hoje ocupa um cargo de ministra, antes cadeira na Alems era ocupada por Eduardo Rocha, que agora é secretário estadual.
“Fomos simplesmente ignorados no principal projeto de concessão rodoviária do estado”, afirmou.