Censo revela 133 pessoas em situação de rua, sendo 81 usuários de drogas; prefeitura se reúne com algumas instituições para implantar alternativas reais, como o programa, Consultório na Rua
A Prefeitura de Três Lagoas, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, concluiu recentemente um censo inédito sobre a população em situação de rua no município.
O levantamento identificou 133 pessoas, entre moradores de rua e usuários de substâncias psicoativas, distribuídos em pontos críticos da cidade e já bem conhecidos da população.

Espalhados pela Segunda Lagoa, na Rodoviária, Praça do Cristo, Vila Haro, CRAS Coração de Mãe e Praça da Matriz, a população em situação de rua toma conta de, inclusive, pontos turísticos da cidade e escancara o problema social.

Dos entrevistados, 81 declararam fazer uso de drogas, número que reforça a urgência de ações intersetoriais entre a assistência social, saúde e segurança pública. Os dados, repassados com exclusividade ao portal Perfil News, mostram que a administração municipal tem consciência do desafio e busca alternativa para enfrentá-lo.
CHAPECÓ
Diante desse cenário preocupante, Três Lagoas observa com atenção a experiência da cidade de Chapecó (SC), que se tornou referência nacional com o programa “Mão Amiga”. A iniciativa catarinense realiza uma triagem rigorosa entre as pessoas em situação de rua e propõe diferentes caminhos, conforme o perfil de cada um:
– Emprego para quem quer trabalhar;
– Tratamento para quem precisa de reabilitação;
– Passagens para retorno ao lar de origem, quando há desejo e viabilidade;
– Atendimento restrito aos residentes da cidade, evitando que o município se torne destino de transferências irregulares de outros municípios.

Com uma abordagem firme, mas humanizada, Chapecó conseguiu reduzir drasticamente a presença de pessoas vivendo nas ruas. O prefeito da cidade enfatiza que não se trata de exclusão, mas de responsabilidade social com foco na reinserção digna.
COMPARATIVO E POSSIBILIDADES
Enquanto Chapecó conta com uma população estimada de cerca de 254 mil habitantes, Três Lagoas, segundo dados do IBGE, possui aproximadamente 132 mil moradores. Ou seja, proporcionalmente, a tarefa em Três Lagoas é viável, ainda que desafiadora. Diante disso, é necessário estratégia integrada, estrutura continuada e decisões políticas firmes.
Atualmente, Três Lagoas conta com o Centro POP, que oferece alimentação, higiene, acolhimento e encaminhamento para serviços sociais. Mas a cidade ainda não possui um programa estruturado e contínuo de reintegração, como o “Mão Amiga”.
INICIATIVAS EM ANDAMENTO

A gestão do prefeito Cassiano Maia (PSDB), que recentemente completou 120 dias, afirma que o tema é prioridade. Já foram iniciadas reuniões com a Polícia Militar e outras instituições para buscar formas legais e sociais de conter a expansão dessa população e oferecer alternativas reais.
Andreia Lima, coordenadora do Consultório na Rua, disse que o Município tem sensibilidade diante da situação e que prefeito está empenhado em soluções.
“A principal motivação do prefeito é entender essa realidade para agir de forma efetiva e humanizada. Três Lagoas é um polo econômico regional e isso atrai muitas pessoas. A maioria da população em situação de rua vem de outras cidades, e o prefeito está empenhado em oferecer acolhimento, tratamento para quem deseja sair da dependência química e oportunidades de reinserção social e no mercado de trabalho.”