Valentina Xavier Pascoal, de poucos dias de vida, sofreu parada cardíaca após dose incorreta e segue internada na UTI neonatal
Uma denúncia de suposta negligência médica no Hospital Auxiliadora, em Três Lagoas, tem gerado comoção nas redes sociais. Lidiany da Silva Xavier, mãe da bebê Valentina Xavier Pascoal, afirma que sua filha recém-nascida recebeu uma dose alta de insulina por engano, no lugar da vacina contra a hepatite B. O erro teria ocorrido no último dia 10 de junho de 2025, quando a menina estava prestes a receber alta.
Segundo o relato da mãe, tudo corria bem após o parto realizado no dia 8 de junho, quando estava com 36 semanas e 3 dias de gestação. Valentina nasceu saudável, com 47 cm e 3,122 kg. No entanto, a situação mudou drasticamente dois dias depois.
“Uma enfermeira disse para tirar a roupa da minha filha, que o pediatra iria passar. Ela ficou mais de 30 minutos assim e o médico não apareceu. Depois, duas enfermeiras entraram para dar as vacinas da alta. Aplicaram corretamente a BCG, mas no momento da vacina contra hepatite B, deram uma dose alta de insulina na perninha dela”, relata Lidiany.
De acordo com a mãe, a insulina aplicada era em quantidade superior até mesmo ao que se usaria em adultos, o que provocou uma grave queda de glicemia na bebê. Valentina chegou a apresentar glicemia de apenas 8 mg/dL e sofreu uma parada cardíaca de dois minutos e meio. Ela foi encaminhada às pressas para a UTI neonatal, onde permanece internada em estado delicado.
No primeiro momento, a equipe do hospital teria tentado ocultar o erro, segundo a mãe. “Vieram com a desculpa de que ela estava com hiperglicemia, que poderia ser da amamentação. Me senti culpada até que um pediatra e a enfermeira responsável acabaram admitindo o erro”, conta.
Lidiany afirma que tem enfrentado inúmeras dificuldades desde o ocorrido. Mesmo recém-operada por cesariana, precisou subir rampas e se deslocar até a UTI sem estrutura adequada, apoio ou alimentação. “Fiquei com minha avó em um quarto sem banheiro, sem comida, mas eu suportei tudo por ela. O que eu queria era a vida da minha filha”, desabafa.
Ela relata ainda que ficou com medo de tornar o caso público. “Por dias eu lutei comigo mesma para contar essa negligência. Tinha medo de inventarem algo para tirarem minha filha de mim. Mas eu não posso me calar. Não é só mais um caso. Minha filha é uma vida e merece justiça.”

Apesar do estado grave, Valentina tem mostrado sinais de recuperação. A mãe segue acompanhando diariamente sua evolução, mesmo sem poder segurá-la no colo por longos períodos. “Eu subo aquelas rampas todo dia, mesmo com pontos e dores, para levar minha força a ela. Ela é valente e está lutando.”
A família agora busca responsabilização pelos erros cometidos. Lidiany faz um apelo a outras mães para que fiquem atentas aos procedimentos hospitalares: “Questionem tudo. Leiam a ampola, perguntem. Sejam chatas. Em segundos, podem tirar a vida de um ser tão inocente.”
Em nota através da Assessoria de Imprensa, a direção do hospital Nossa Senhora Auxiliadora enviou a seguinte informação que segue abaixo:
NOTA OFICIAL – Hospital Nossa Senhora Auxiliadora
O Hospital Nossa Senhora Auxiliadora informa que, na última semana um incidente adverso foi identificado na unidade materno-infantil.
A equipe médica adotou prontamente todas as medidas clínicas necessárias e o recém-nascido segue sob acompanhamento intensivo e monitoramento contínuo, atuando com agilidade e competência para estabilizar o quadro do bebê, e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar especializada.
O hospital está prestando total assistência à família e reforça seu compromisso com a ética, a humanização e a segurança no cuidado.
A Direção Geral e Técnica determinou a apuração rigorosa do ocorrido e instaurou uma sindicância interna com o objetivo de reforçar ainda mais os padrões de segurança do paciente.
O paciente permanece internado em unidade intensiva neonatal, recebendo todo o suporte necessário. O quadro de saúde é estável.
Seguiremos atuando com responsabilidade e transparência.
Três Lagoas, 23 de junho de 2025.