O setor de pescado em MS teme prejuízos; a produção de suco de laranja no país responde pela maior parte da laranja processada consumida no mundo
O anúncio de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos, com previsão de vigência a partir de 1º de agosto de 2025, está provocando efeitos imediatos em diversas cadeias produtivas brasileiras.
Setores como frigoríficos de Mato Grosso do Sul, piscicultura, além da produção de mel orgânico e suco de laranja em outros estados enfrentam dificuldades operacionais, queda de demanda e aumentos nos custos de exportação.
FRIGORÍFICOS SUSPENDEM PRODUÇÃO AOS EUA
Frigoríficos do Mato Grosso do Sul começaram a paralisar a produção destinada ao mercado americano após o anúncio da tarifa. Empresas como JBS, Naturafrig, Minerva e outras reduziram ou interromperam o abate de animais para exportação, temendo estoques encalhados e prejuízos.
O sindicato local Sincadems confirma que cerca de 5% da produção estadual ia para os EUA, e agora enfrenta o desafio de redirecionar a carne para outros mercados, como a China, Oriente Médio e Europa.
PESCADO EM RISCO
A piscicultura sul-mato-grossense foi diretamente atingida: 99% da tilápia produzida no estado é exportada aos EUA, segundo reportagem do g1-MS. Um alerta foi emitido pela associação do setor, que destaca o risco para contratos e empregos.
Em âmbito nacional, a Peixe BR relata que 89% do pescado cultivado no Brasil, totalizando US$ 52,2 milhões em 2024, ia aos EUA, afinal, são mais de 1,5 mil toneladas retidas até agora.
EXPORTAÇÃO DE MEL
O mel, embora não seja produzido em MS, também sofre com o mesmo impacto. O Piauí lidera as exportações de mel orgânico, com os EUA absorvendo 80% da produção nacional, divulgou o g1-PI.
Com o tarifão, grandes encomendas foram suspensas imediatamente , gerando prejuízos para o segmento orgânico, que agora busca renegociar condições ou encontrar novos mercados.
SUCO DE LARANJA
Embora menos destacado localmente, o suco de laranja, outro item exportado ao mercado americano, também foi afetado. Conforme a BBC, a imposta adicional de 50% sobre produtos brasileiros fez com que a expectativa de preço aumentasse e o apelo dos buyers americanos diminuísse.
O Estado de São Paulo concentra a produção brasileira: responde por 78% da produção nacional de laranja e concentra mais de 80% da produção de suco da fruta.
O Brasil começou a exportar suco de laranja nos anos 1980 e, já na década seguinte, se consolidou como o maior fornecedor mundial do produto. Hoje, o país responde pela maior parte da laranja processada consumida no mundo.
SOLUÇÃO PARA A PRODUÇÃO EM MS
O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que países como Chile e Egito são avaliados como potenciais novos destinos comerciais para a produção local.
Segundo Verruck, o redirecionamento da carne sul-mato-grossense para outros países exige um processo gradual e cuidadoso, que depende da competitividade dos preços. Enquanto isso, a produção nacional segue normalizada.
“O que a gente verifica é que podemos ter um excesso de oferta no mercado interno no curto prazo, tendo uma redução de preços na ponta e, consequentemente, uma redução ao produtor. É extremamente complexo esse momento”, declarou ao g1-MS.
