Talvez a vida não seja tão difícil quanto parece. talvez só estejamos viciados em enxergar o que dói
Às vezes eu me pergunto se as coisas são mesmo tão difíceis assim… ou se é a gente que aprendeu a só enxergar o que pesa.
Porque o que é fácil passa meio despercebido. Não chama atenção, não faz barulho, não provoca crise. O fácil não rende história, nem ocupa espaço demais na memória. E talvez por isso a gente não valorize. Parece quase corriqueiro. Invisível.
Não tem alarde para o café que ficou pronto sem derramar. Para o e-mail que foi respondido sem estresse. Para o encontro que fluiu. Para o carinho que chegou sem cobrança. A gente não repara no que dá certo, porque o difícil grita mais alto. O difícil atrasa, trava, exige explicação. O difícil rouba a cena. E, no fim das contas, dá essa impressão de que tudo é difícil, quando talvez só o que está acontecendo é que a gente ignora o que é fácil.
Tem um detalhe aí: o que é difícil, por ser raro, a gente trata como importante. O que é fácil, por ser comum, a gente trata como banal. Mas e se a gente estiver lendo tudo ao contrário? E se o fácil for exatamente o que merecia mais atenção?
E aí vem a pergunta final, que me cutuca como um alarme sem soneca: será que tem coisa que era para ser fácil… mas a gente é que complicou? Só para se sentir ocupado. Ou para parecer mais forte. Ou, quem sabe, por puro hábito de sofrer. Porque sofrer, às vezes, dá sentido. Dá assunto. dá pertencimento. Só que viver assim cansa.
Descomplicar, por incrível que pareça, pode ser o maior desafio. Porque o fácil, quando a gente não está acostumado, assusta. Parece que tem algo errado. Parece que é cilada. E aí a gente testa, sabota, questiona. Como se não merecesse o simples.
Mas talvez mereça, sim. Talvez mereça o que vem sem drama. O que flui. O que não cobra. Talvez a gente só precise ajustar o olhar. Treinar a atenção. Para enxergar o que já está funcionando. Para perceber que nem tudo é caos, nem tudo é batalha.
Nem tudo precisa ser conquistado à força. Isso também é vida. E talvez, seja a melhor parte dela.
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