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Três Lagoas
quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Arauco cria megaestrutura logística para levar 9,6 mil toneladas de celulose de MS ao Porto de Santos

O grupo chileno Arauco, segundo maior fabricante mundial de celulose, está construindo em Inocência, cidade distante 130 quilômetros de Três Lagoas, a maior fábrica do setor no mundo. O Projeto Sucuriú deve iniciar a produção no último trimestre de 2027, com capacidade estimada em 3,5 milhões de toneladas por ano. O desafio, contudo, vai além da produção: garantir que até 98% desse volume seja escoado ao Porto de Santos, a mais de 1.000 km de distância, e de lá siga para China, Europa e América do Norte.

A solução logística envolve investimento estimado em R$ 5,6 bilhões somente em transporte e infraestrutura, incluindo ramal ferroviário, locomotivas, vagões, hidrovias e centros de controle. Segundo o portal Compre Rural, a operação deverá despachar 9,6 mil toneladas por dia, em trens de 100 vagões puxados por três locomotivas.

Instalada a 50 km da área urbana de Inocência, às margens do Rio Sucuriú, a unidade contará com um canteiro de obras que deve mobilizar até 14 mil trabalhadores no pico da construção. Após 2027, a operação terá 6 mil funcionários diretos em áreas florestal, industrial e logística.

Com investimento de US$ 4,6 bilhões (R$ 25 a 26,8 bilhões) apenas na planta industrial, a Arauco também movimentará a economia regional com a contratação de 1,5 mil motoristas, responsáveis por 600 viagens diárias de caminhões que levarão toras de eucalipto das fazendas até a fábrica.

As florestas de eucalipto da companhia somam 400 mil hectares em dez municípios, com plantio anual de 65 mil hectares. O ciclo médio até o corte é de seis anos, garantindo fornecimento contínuo de matéria-prima.

Logística ferroviária e alternativas sustentáveis

Para ligar o Projeto Sucuriú ao Porto de Santos, ainda segundo o Compre Rural, a Arauco já obteve autorização da ANTT para construir um ramal ferroviário de 47 km, que conectará a unidade à malha da Rumo. O investimento previsto é de R$ 1 bilhão, com previsão de 18 meses de obras. Além disso, serão adquiridas 23 locomotivas e 750 vagões, ao custo de R$ 1,4 bilhão, formando sete composições diárias.

A companhia também avalia uma rota alternativa multimodal, combinando transporte rodoviário até Três Lagoas, hidrovia Paraná-Tietê até Pederneiras (SP) e, depois, ferrovia até Santos. Essa alternativa poderia retirar 6 mil caminhões por mês das estradas e reduzir em até 80% as emissões de CO₂.

Estrutura em Santos e controle da operação

No Porto de Santos, a empresa estuda a construção de um terminal exclusivo para descarregar os trens e embarcar a celulose em navios tipo break bulk, que transportam até 80 mil toneladas por viagem. Também estão em análise outros portos, como Rio de Janeiro e Paraná.

A operação terá duas centrais de controle: uma em Inocência e outra em São Paulo, na sede da empresa, para coordenar o fluxo logístico entre florestas, fábrica e porto.

A consolidação de MS como polo global de celulose

Com a entrada em operação do Projeto Sucuriú, o Mato Grosso do Sul se firmará como líder global na produção de celulose de fibra curta, saltando de 7,6 milhões para 11 milhões de toneladas anuais. O estado já recebeu recentemente a fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo. Além disso, a Eldorado planeja ampliar a produção em Três Lagoas e já foi anunciada uma Bracell em Bataguassu.

No cenário mundial, a Arauco, que em 2024 faturou US$ 6,55 bilhões, alcançará quase 9 milhões de toneladas de produção anual, aproximando-se da líder Suzano. O Brasil, por sua vez, reforça sua posição como um dos maiores fornecedores da commodity, com exportações de US$ 12,7 bilhões em 2023.

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