Ações de formação profissional, geração de renda e defesa de direitos serão financiadas por emendas parlamentares que somam R$ 900 mil
Neste 1º de outubro, Dia Nacional do Idoso, o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) divulga dois novos projetos que têm foco no cuidado de pessoas com 60 anos ou mais. As iniciativas reforçam o compromisso da instituição em promover a melhora da qualidade de vida da comunidade por meio de formação profissional e defesa de direitos.
A oferta do curso de Cuidador de Idosos e da formação de agentes para identificar a violação dos direitos da pessoa idosa são ações que contemplam uma parcela significativa da população sul-mato-grossense. No último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso do Sul aparece com 391,1 mil pessoas nessa faixa etária.
A reitora Elaine Cassiano destaca a coerência dos projetos com a missão institucional.
“Essas ações demonstram que o IFMS promove a educação profissional e tecnológica com o olhar voltado à inclusão social e ao desenvolvimento regional. São projetos alinhados às políticas públicas de valorização de vida, geração de emprego e renda e promoção de cuidados humanizados para pessoas idosas, especialmente para grupos em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, ressalta.
Ambos projetos serão financiados por emendas do deputado federal Geraldo Resende, que totalizam R$ 900 mil.
“Nossa população está envelhecendo, nos próximos anos teremos mais idosos do que jovens no Brasil, e nós precisamos ter gente qualificada para cuidar das pessoas idosas, além de possibilitar geração de renda, principalmente para as mulheres, para que tenham sustentação financeira e possam de fato ter qualidade de vida. É muito bom fazermos essa parceria com a equipe do IFMS, porque são pessoas envolvidas com esses projetos”, enfatiza o parlamentar.
No caso da formação de agentes para a identificação de violação dos direitos da pessoa idosa, o IFMS executará o ‘Programa Envelhecer nos Territórios’, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). É o que explica o pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do IFMS, Edvanio Chagas, um dos articuladores da ação.
“Essa formação será financiada por meio de uma emenda individual de R$ 600 mil do deputado Geraldo Resende que foi destinada à Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, ligada ao MDHC e responsável por fazer a gestão de projetos relacionados a esse público na esfera federal”, explica.
Envelhecer nos Territórios
A formação de agentes para a identificação de casos de violação dos direitos da pessoa idosa que será oferecida pelo IFMS faz parte do ‘Programa Envelhecer nos Territórios’, instituído pela Portaria nº 561/2023.
A previsão é formar 40 agentes em Corumbá, Bela Vista, Ivinhema e Fátima do Sul, sendo dez em cada município. As seleções dos bolsistas que atuarão como professores e dos estudantes estão previstas para este mês.
O projeto terá duração de 14 meses, dos quais dois serão destinados à formação dos agentes. Posteriormente, será feita a busca ativa de idosos por meio de visitas domiciliares.
O pró-reitor de Extensão, Anderson Correa, explica que a iniciativa busca transformar a formação recebida em ações práticas de apoio à população idosa nos quatro municípios.
“Durante todo o ano de 2026, a previsão é que os agentes visitem pelo menos seis mil pessoas idosas em Corumbá, Bela Vista, Ivinhema e Fátima do Sul para mapear as condições de vida, identificar possíveis violações de direitos e encaminhar as demandas aos serviços públicos locais”, detalha.
A formação terá carga horária de 40 horas e as atividades de campo totalizarão 80 horas por mês. Durante os 12 meses de atividades práticas, os agentes receberão uma bolsa no valor de R$ 750 por mês.
O projeto também prevê a criação ou fortalecimento de arranjos institucionais que viabilizem políticas públicas para a pessoa idosa em Mato Grosso do Sul.
Cuidador de Idosos
O curso de extensão presencial será ofertado gratuitamente pelo IFMS em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. A instituição abrirá o total de 120 vagas, sendo 40 para cada município.
Segundo o pró-reitor de Extensão, a seleção de estudantes ficará a cargo das Prefeituras e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
“As turmas do curso de Cuidador de Idosos serão formadas por mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica que serão indicadas pelas Prefeituras Municipais e pelos CRAS localizados nos bairros onde as aulas serão oferecidas em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas, com atenção a mulheres trans, indígenas e quilombolas”, detalha Anderson.
A previsão é que as aulas tenham início neste mês e sejam concluídas até dezembro, com carga horária total de 150 horas.
Para ofertar o curso de Cuidador de Idosos nos três municípios, o IFMS recebeu uma emenda parlamentar de R$ 300 mil, que financiará o pagamento de bolsas mensais no valor de R$ 300 a todos os estudantes que tiverem frequência durante os três meses de aulas.
O recurso também será utilizado para a aquisição de materiais para as aulas, o que inclui camas hospitalares e cadeiras de banho e de rodas, e para a compra de kits que serão entregues aos estudantes que concluírem o curso, contendo luvas, toucas, equipamentos para aferir a pressão arterial e termômetros a laser.
Os bolsistas que atuarão como professores do curso de Cuidador de Idosos foram selecionados por meio do Edital nº 059/2025. Os nomes que ocupam a coordenação geral e os auxílios às coordenações nos municípios são de servidores do IFMS que foram indicados pela reitora e diretores-gerais dos campi.
Pessoas Idosas no Brasil
Dados demográficos mostram que o número de pessoas idosas tem crescido no Brasil, e que o país poderá registrar estagnação e até queda populacional nas próximas décadas.
Levantamento divulgado em 2024 pelo IBGE revela que a população brasileira pode parar de crescer até 2041, quando o país chegará ao número de 220,4 milhões de habitantes. A partir de 2042, a tendência é de queda populacional.
Para chegar a essa projeção foram comparados os censos demográficos de 2000, 2010 e 2022, além de outros indicadores relacionados à natalidade e registro civil no país.
O estudo vai além ao indicar que a partir de 2070 a população poderá ficar inferior a 200 milhões de habitantes, o que também tem relação com a baixa taxa de fecundidade. Em 2000 a média era de 2,32 filhos por mulher. Dez anos depois passou para 1,75 filho, e em 2023 chegou a 1,57 filho por mulher habitante do Brasil. Esse cenário só deverá se inverter, segundo as projeções do IBGE, a partir de 2050.
