Por Antonio Silvério*
É indiscutível, a pecuária está cada vez mais sustentável e produtiva. Em 2024 Mato Grosso do Sul registrou queda no rebanho, mas recorde em produção de carne, uma nítida demonstração do quanto somos e estamos evoluindo porteira para dentro, mas estamos mostrando isso porteira para fora?
A Conferência do Clima da ONU (COP30), que será realizada no Brasil em 2025, representa essa oportunidade histórica para mostrarmos ao mundo o verdadeiro agro: Aquele que produz com responsabilidade, que valoriza pessoas, movimenta a economia local e nacional, e atua dentro de uma das legislações ambientais mais rígidas do planeta.
Mas para que esse protagonismo se torne realidade, é fundamental fortalecer as bases e o diálogo. É aqui que entra o papel dos Sindicatos Rurais: Reunir, desenvolver e orientar os Produtores no uso de práticas que combinem produtividade com sustentabilidade. No Sindicato Rural de Camapuã, levamos isso como missão. Nosso foco é gerar conhecimento aplicado, dividido de forma acessível, para que cada Produtor possa incorporar alternativas que reduzam impactos e aumentem eficiência dentro da porteira. Afinal, o nosso maior compromisso é com o Produtor Rural.
Camapuã é, por essência, um território de vanguarda nesse caminho. Há décadas já demonstramos compromisso com práticas mais sustentáveis. Desde o reconhecimento como “Capital do Bezerro de Qualidade”, já sinalizávamos uma mudança importante: O foco no acabamento precoce, que resulta em ciclos produtivos mais curtos e, consequentemente, menor emissão de gases por animal, uma estratégia de mitigação natural, antes mesmo da popularização do termo “carbono neutro”.
Esse histórico se alinha ao cenário estadual: Mato Grosso do Sul é o primeiro estado brasileiro a assumir a meta de se tornar carbono neutro até 2030, e tem investido de forma consistente em políticas públicas, incentivos e programas voltados à produção sustentável. O programa Carne Carbono Neutro (Embrapa), o Precoce MS do Governo do Estado, as certificações em bem-estar animal, e iniciativas como o Leitão Vida são exemplos de como ciência, gestão e tradição caminham juntos.
Logo, à medida que a COP30 se aproxima, temos a chance de mostrar que o Brasil, e especialmente o nosso agro, não é parte do problema, mas da solução climática global. Nosso desafio está em comunicar com clareza, com dados e com resultados concretos o que já fazemos de forma séria e escalável.
Produzir com responsabilidade não é mais um diferencial: É um dever. Camapuã e Mato Grosso do Sul, com sua tradição e visão de futuro, seguirão sendo exemplo de que é possível, sim, aliar pecuária de excelência, respeito ao meio ambiente e prosperidade para quem vive no campo.
(*) Antonio Silvério é presidente do Sindicato Rural de Camapuã/MS