Os comboios com cargas superdimensionadas passam a circular com frequência pelas rodovias de SP e MS movimentando uma complexa operação logística que pode levar meses e até ano, dependendo da carga
As rodovias que cortam o interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul estão recebendo, com frequência cada vez maior, um tipo de transporte que chama a atenção de quem cruza as estradas: as carretas com cargas superdimensionadas, responsáveis por levar equipamentos gigantescos até o canteiro de obras da nova fábrica da Arauco, em Inocência. Algumas delas foi flagrado pelo Perfil News nesta quarta-feira (22), na rodovia Raposo Tavares e na MS 395.

Essas carretas são veículos especiais, formadas por diversos “rodados”, conjuntos de eixos e rodas, que permitem distribuir o peso de peças que podem ultrapassar 100 toneladas.
São verdadeiros comboios que transportam partes de caldeiras, tanques e vários outros equipamentos industriais, muitos deles importados da Finlândia e de outros países.
O QUE SÃO CARGAS SUPERDIMENSIONADAS
Cargas superdimensionadas são aquelas que excedem os limites de peso, altura ou largura permitidos para o transporte comum. Por isso, o deslocamento desses veículos requer planejamento logístico detalhado, autorização especial dos órgãos rodoviários e apoio técnico constante.

Para garantir a segurança e a viabilidade do trajeto, essas carretas circulam acompanhadas de batedores, viaturas que sinalizam o comboio e controlam o tráfego, e de uma equipe precursora, responsável por avaliar o percurso antes da passagem.
Essa equipe mede a altura de viadutos, verifica a presença de fios de energia e, quando necessário, coordena a remoção temporária de cabos e sinalizações para a passagem da carga.
TRÊS MESES PARA PERCORRER TRAJETO
Um exemplo recente mostra a dimensão desse desafio logístico. Uma das carretas que transporta peças destinadas à fábrica da Arauco saiu do pátio da indústria mecânica Zanuto, no distrito industrial de Ourinhos (SP) há três meses e, até o momento, percorreu cerca de 310 quilômetros até Bataguassu (MS).

Segundo informações da equipe de transporte, a velocidade média do comboio varia entre 20 e 40 quilômetros por hora, dependendo das condições da rodovia e das interferências no trajeto. A operação envolve cinco batedores e dezenas de profissionais técnicos, em um esforço que mistura engenharia, segurança e paciência.
Além disso, pelo percurso são utilizados serviços de eletricistas para removerem fios de alta tensão que passa pelas vias, operadores de internet para removerem os cabos de fibra ótica, equipes da prefeitura dos municípios que estão no percurso, além de equipes de policiais rodoviários. Todos esses profissionais fazem parte da logística para transportar esse tipo de carga.
A carreta ainda precisa seguir mais 260 quilômetros até o destino, passando por Brasilândia e Três Lagoas, até chegar à planta industrial em Inocência. A previsão é de mais dois meses e meio de viagem.
ROTAS IMPACTADAS E TRÁFEGO INTENSO

Com o avanço das obras da Arauco, que integra o Projeto Sucuriú, a maior fábrica de celulose do mundo, o tráfego de cargas superdimensionadas deve se tornar rotina nas principais rodovias da região. Entre os trechos mais utilizados estão a Raposo Tavares, Marechal Rondon, BR-158, BR-262, MS-112 em por fim, a MS 377, que liga Inocência ao site do Projeto Sucuriú.
Moradores e motoristas das cidades de Presidente Epitácio (SP), Venceslau, Bataguassu, Três Lagoas e Brasilândia já precisam se acostumar com a presença constante desses comboios nas estradas, que trafegam com velocidade reduzida e exigem atenção redobrada de todos os condutores.


