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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

IFMS tem área doada pelo município para novo campus em Campo Grande

Previsão é que unidade seja construída na região sul de Campo Grande e atenda cerca de 1,4 mil estudantes com oferta de cursos técnicos

A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou nesta quinta-feira, 30, por votação nominal unânime – 25 votos favoráveis e nenhum contrário – o Projeto de Lei que autoriza a doação de área pública do Município à União para a construção do segundo campus do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) na capital. A proposta tramitou em regime de urgência.

Encaminhado pelo Executivo Municipal, o texto prevê a desafetação e transferência de um terreno de 35.831,73 m², localizado na Avenida Gury Marques, região do Anhanduizinho – área marcada por vulnerabilidade social e déficit de oferta educacional. O imóvel está avaliado em R$ 5.562.157,90, conforme laudo de avaliação.

O futuro campus deverá atender prioritariamente estudantes com idade entre 14 e 18 anos, com capacidade estimada para 1.400 matriculados em cursos técnicos integrados ao ensino médio, Formação Inicial e Continuada (FIC) e graduações tecnológicas. O investimento previsto é de R$ 17 milhões, com recursos da União.

De acordo com o projeto, o IFMS terá prazo de 60 meses para construir e colocar em funcionamento o novo campus. Caso o objetivo não seja cumprido, a área retornará ao patrimônio municipal.

A prefeita Adriane Lopes destacou, em mensagem enviada ao Legislativo Municipal, que a iniciativa representa um compromisso com o direito à educação. Para a gestora, a doação “viabiliza a instalação de infraestrutura educacional voltada à formação científica e tecnológica, em benefício direto da população, especialmente de regiões que mais precisam”.

Expansão histórica 

A implantação da nova unidade atende a um pleito estruturado com base em indicadores demográficos e socioeconômicos. As regiões do Bandeira e Anhanduizinho concentram cerca de 36% da população campo-grandense e registram altos índices de vulnerabilidade. Estima-se impacto direto para 71 mil crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, e indireto para mais de 355 mil pessoas.

Atualmente, Campo Grande é a única entre as 16 maiores capitais do país que possui apenas um campus de Instituto Federal, o que reforça a necessidade de ampliação da oferta. A demanda reprimida é elevada: no ensino técnico integrado, há 22 candidatos por vaga. No total de cursos, apenas 1 em cada 16 inscritos consegue ingressar no IFMS na capital.

A reitora do IFMS, Elaine Cassiano, que cumpre agenda em Brasília (DF), agradece aos poderes executivo e legislativo municipal e federal, e ressalta a necessidade de consolidar a implantação do novo campus junto ao Ministério da Educação (MEC) e à Casa Civil. A dirigente lembra o cenário desigual de oferta entre grandes cidades brasileiras.

“A instalação do segundo campus em Campo Grande permitirá ampliar o alcance de uma educação pública, gratuita e de excelência, especialmente em regiões que historicamente enfrentam vulnerabilidades sociais. Estamos falando de transformar trajetórias, fortalecer vocações locais, reduzir desigualdades e promover desenvolvimento onde ele é mais urgente. Hoje, celebramos uma conquista coletiva que reafirma o compromisso do IFMS com a formação humana e profissional da nossa juventude”, comemora.

Segundo a reitora, com o novo campus, 80% das vagas serão destinadas ao ensino técnico integrado, reforçando a missão institucional de oferecer formação básica e profissional articuladas, ampliando as possibilidades de inserção de jovens no mundo do trabalho.

Repercussão entre estudantes 

Para quem já estuda no IFMS, a chegada do novo campus representa ampliação de oportunidades. A estudante Rebeca Gottardo, 16, do curso técnico integrado em Informática, acredita que a unidade aproximará a instituição de mais jovens. “O curso integrado dá mais formação para conseguir emprego ou ir para a faculdade. Tem gente que leva até duas horas para chegar na escola. Ter o campus mais perto vai ajudar muita gente”, avalia.

A colega Daniela Feitosa, 17, também do curso técnico em Informática, destaca o papel transformador da formação. “O IF abre portas para novas experiências, contatos e amadurecimento. Com o novo campus, mais estudantes vão ter a mesma oportunidade que nós temos”, comemora.

Relevância social 

Vereadores celebraram a aprovação e enfatizaram o impacto do IFMS no município. Para o líder da bancada do PT, Jean Ferreira, o dia é “vitorioso para a valorização do ensino, da pesquisa e da extensão”, ressaltando a importância de “criar estruturas dignas para estudantes e professores” e a continuidade das políticas de expansão dos Institutos Federais.

A vereadora Luiza Ribeiro lembrou que todos os indicadores educacionais e sociais apontavam para o Anhanduizinho como território prioritário. “O IFMS fez um trabalho técnico sério para indicar a região, que concentra bolsões de pobreza e forte demanda por formação profissional. A presença de uma instituição federal de ensino irá transformar toda a região”, analisa.

O vereador Landmark destacou que a doação do terreno é resultado de um esforço parlamentar conjunto. “Falamos sobre isso na visita do ministro Camilo aqui em Campo Grande, falamos com a bancada federal, com o deputado Vander Loubet, com a deputada Camila. A reitoria Elaine Cassiano fez um estudo, apresentou ao MEC, existe o aporte financeiro do Ministério para isso acontecer aqui em Campo Grande. Nós temos uma população de um milhão de habitantes, com o novo campus nós vamos ter uma oportunidade maior para mais alunos estudarem no Instituto Federal”, aponta.

Para o vereador Wilson Lands, a decisão reforça o compromisso da atual gestão municipal com a educação pública. “A prefeita faz justiça a uma das maiores instituições do nosso estado. Não poderíamos esperar menos de quem mais valorizou a educação pública em Campo Grande”.

Rede Federal

O processo de implantação do novo campus do IFMS em Campo Grande avança com a etapa de doação do terreno concluída. A iniciativa está alinhada às políticas federais de interiorização e democratização do acesso à educação profissional e tecnológica, com foco na formação de mão de obra qualificada, na ampliação de oportunidades para jovens e adultos e no fortalecimento do desenvolvimento socioeconômico da região sul da cidade.

Esse movimento local integra um esforço nacional de expansão: o Governo Federal irá criar 100 novos campi dos Institutos Federais em todo o país, no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que destina R$ 3,9 bilhões tanto para a construção de novas unidades quanto para a consolidação da infraestrutura existente. A iniciativa reforça o compromisso da Rede Federal com a oferta pública e gratuita de educação profissional de excelência, especialmente em territórios vulneráveis.

Em Mato Grosso do Sul, além do segundo campus na capital, estão previstos dois novos campi do IFMS, nos municípios de Amambai e Paranaíba, com R$ 25 milhões de investimento em cada localidade. A prioridade serão os cursos técnicos integrados ao ensino médio, que deverão representar 80% das vagas ofertadas.

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