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Três Lagoas
quinta-feira, 27 de novembro de 2025

MS se torna polo global da celulose e pode atingir 50% da produção nacional em 2030

A produção nacional de celulose alcançou o recorde de 25,5 milhões de toneladas em 2024. Desse volume, Mato Grosso do Sul respondeu por 7,6 milhões de toneladas, o equivalente a 29,8% da fabricação total do país

Em menos de duas décadas, Mato Grosso do Sul viveu uma das transformações econômicas mais rápidas e profundas da história recente do país. Regiões tradicionalmente dedicadas à pecuária de corte — como o Bolsão (Costa Leste), que incluem Três Lagoas, Água Clara, Inocência, Ribas do Rio Pardo e Bataguassu — deram lugar a um robusto polo industrial florestal que projeta o Estado como protagonista mundial na produção de celulose.

MS se torna polo global da celulose e pode atingir 50% da produção nacional em 2030
Obra do Projeto Sucuriú que a multinacional Arauco está construindo em Inocência e com previsão de start para o segundo semestre de 2027 (Foto: Assessoria)

O movimento começou em Três Lagoas, no final dos anos 2000, e rapidamente se espalhou como um efeito dominó por municípios vizinhos. Hoje, com fábricas em operação e outras em construção, Mato Grosso do Sul está prestes a se tornar responsável por mais de 50% da celulose produzida no Brasil, consolidando o chamado “Vale da Celulose” como o maior cluster industrial do setor no mundo.

Três Lagoas: a cidade que deu origem ao maior polo de celulose do país

Três Lagoas foi pioneira na instalação industrial, inicialmente com a VCP e o Projeto Horizonte 1, posteriormente assumidos pela Fibria, que também implantou o Horizonte 2. Hoje, ambas as linhas fazem parte das operações da Suzano.

O município abriga ainda a Eldorado Brasil, inaugurada em 2012 com capacidade nominal de 1,5 milhão de toneladas/ano, mas que opera cerca de 20% acima do previsto, alcançando 1,8 milhão de toneladas anuais.

MS se torna polo global da celulose e pode atingir 50% da produção nacional em 2030

A combinação das unidades da Suzano em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo — onde entrou em operação, em 2024, a maior fábrica de linha única do mundo, com capacidade para 2,55 milhões T/A — garante à empresa 5,8 milhões de toneladas de celulose por ano apenas em Mato Grosso do Sul. No Estado, as plantas da Suzano geram cerca de 9 mil empregos diretos entre funcionários próprios e terceiros.

Somando a produção da Suzano à da Eldorado, o Estado atualmente chega a 7,6 milhões de toneladas/ano, volume que já colocaria Mato Grosso do Sul como o 10º maior produtor mundial de celulose, superando países inteiros como o Chile.

Expansão acelerada: Arauco e Bracell impulsionam o novo salto produtivo

A próxima fase de crescimento já está em andamento. Em Inocência, as obras do Projeto Sucuriú, da chilena Arauco, seguem em ritmo acelerado. Prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2027, a nova fábrica terá capacidade estimada de 3,5 milhões de toneladas anuais, tornando-se uma das gigantes do setor.

MS se torna polo global da celulose e pode atingir 50% da produção nacional em 2030

Em Bataguassu, o governo estadual assinou o termo de concessão para instalação da primeira fábrica de celulose solúvel de Mato Grosso do Sul, um investimento de R$ 16 bilhões da Bracell. A previsão é de início da construção em 2026.

A empresa ainda estuda ampliar sua atuação em Água Clara, com um projeto de até 2,8 milhões de toneladas/ano de celulose kraft, ou até um modelo híbrido.

Com a entrada em funcionamento da Arauco e da Bracell, Mato Grosso do Sul deve alcançar 13 milhões de toneladas/ano até 2030, tornando-se isoladamente responsável por cerca de 50% de toda a celulose brasileira.

Caso a Eldorado conclua a segunda linha — projeto já iniciado, mas paralisado após a terraplanagem — o Estado pode ultrapassar essa marca e chegar a mais da metade da produção nacional.

Impactos econômicos: geração de emprego e salto no PIB industrial

O setor florestal já representa 17,8% do PIB industrial de Mato Grosso do Sul, com mais de 30 empresas e 7 mil trabalhadores envolvidos diretamente na cadeia. Nos últimos anos, o Estado atraiu R$ 125 bilhões em investimentos privados, sendo R$ 65 bilhões somente nos últimos dois anos.

Com o avanço das novas plantas, o “Vale da Celulose” deverá gerar mais de 20 mil empregos diretos, além de número igual ou superior de empregos indiretos, movimentando comércio, logística, construção civil e serviços especializados em toda a região leste do Estado.

MS no cenário mundial: de coadjuvante a protagonista

MS se torna polo global da celulose e pode atingir 50% da produção nacional em 2030

O Brasil é atualmente o maior exportador de celulose do mundo e o segundo maior produtor global, atrás apenas dos Estados Unidos, que registram 47,8 milhões T/A.

Grande parte do volume brasileiro — 25,5 milhões de toneladas anuais — já sai de Mato Grosso do Sul e sua área de influência.

Com a produção atual, o Estado se aproxima dos países que ocupam o topo do ranking mundial: China (22,6 milhões T/A), Canadá (14,2 milhões T/A), Suécia (11,8 milhões T/A) e Finlândia (10,9 milhões T/A).

Após o start da Arauco em 2027, Mato Grosso do Sul saltará para 11,2 milhões de toneladas/ano, volume suficiente para colocá-lo no 6º lugar do ranking global, à frente de Finlândia, Indonésia, Rússia, Japão e Chile.

MS se torna polo global da celulose e pode atingir 50% da produção nacional em 2030

Com a Bracell (unidade de Bataguassu) entrar em operação, provavelmente após 2030, a projeção será ainda mais ambiciosa: o Estado poderá rivalizar com o Canadá, isoladamente, (conforme mostra o gráfico) e até alcançar a terceira posição mundial, atrás apenas dos EUA e da China.

O Brasil e suas gigantes de papel e celulose

Entre as maiores fabricantes estão:

  • Suzano
  • Klabin
  • CMPC
  • Arauco (em construção no MS)
  • Bracell
  • Eldorado Brasil
  • Cenibra
  • LD Celulose
  • Sylvamo
  • Veracel

A Suzano e a Eldorado Brasil já atuam em Mato Grosso do Sul, enquanto a Arauco segue com as obras de sua unidade em Inocência. Já a Bracell Celulose iniciará a construção de sua planta em Bataguassu no início de 2026, fortalecendo ainda mais o papel estratégico do Estado na liderança global do setor.

O novo epicentro mundial da celulose

MS se torna polo global da celulose e pode atingir 50% da produção nacional em 2030
Produção de celulose da unidade da Suzano de Ribas do Rio Pardo que entrou em operação em 21 de julho de 2024 (Foto: Assessoria)

Com a consolidação das novas fábricas e os investimentos bilionários em curso, Mato Grosso do Sul não apenas fortalece sua vocação florestal como se destaca na economia global. A região do Bolsão, antes marcada pela pecuária tradicional, agora é reconhecida como o maior corredor de produção de celulose do planeta.

Do pioneirismo de Três Lagoas à expansão industrial em Ribas do Rio Pardo, Inocência e Bataguassu, o Estado constrói um futuro em que será referência mundial em inovação, produtividade e sustentabilidade no setor florestal.

O “Vale da Celulose” já é realidade — e tende a se tornar, até o final da década, o maior polo celulósico do mundo.

Fonte: Relatório anual da Ibá (2025)

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