Levantamento da Secretaria de Justiça e Segurança Pública revela cenário de maior exposição das vítimas
Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram uma redução acentuada nas Medidas Protetivas de Urgência (MPUs) concedidas a mulheres em Três Lagoas a partir de 2023. Depois de atingir o pico em 2022, com 393 medidas, o número recuou para 301 em 2023 e despencou para 148 em 2024, queda de mais de 60% em dois anos.
Para 2025, o sistema contabiliza 41 medidas, número que ainda é parcial, mas já indica tendência de baixa continuidade.
AUMENTO DO NÚMERO DE VÍTIMAS SOLICITANDO MPU
Na direção oposta, o registro de vítimas de violência contra a mulher vem crescendo continuamente no município. Em 2020, eram 659 vítimas pediram MPU.
O número sobe a cada ano e alcança 814 em 2024, o maior da série histórica. Em 2025, já são 790 vítimas, também em dados preliminares.
A comparação entre as duas curvas, vítimas e medidas protetivas, revela um descompasso significativo: enquanto a violência aumenta, a resposta institucional por meio das MPUs diminui.
DESCOMPASSO ENTRE DEMANDA E PROTEÇÃO
O contraste é ainda mais evidente quando se observa a relação entre vítimas e medidas concedidas. Em 2022, ano de maior proteção, havia cerca de uma medida para cada 1,7 vítima.
Já em 2024, a proporção cai para uma medida para cada 5,5 vítimas, indicando menor alcance da rede de atendimento justamente em um período de maior demanda.
DADOS SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Os dados da série histórica de violência doméstica em Três Lagoas mostram um cenário de estabilidade com tendência de alta nos últimos anos. Em 2020, o município registrou 1.029 casos, número que caiu levemente para 1.012 em 2021 e para 992 em 2022, marcando o período de menor incidência da série.
A partir de 2023, porém, os registros voltam a subir, chegando a 1.021 casos, e avançam ainda mais em 2024, quando atingem 1.098 ocorrências, o maior volume desde o início da série apresentada. Para 2025, o total parcial é de 950 casos, o que indica que, ao final do ano, o número pode se aproximar ou até superar os patamares anteriores.
O comportamento dos dados revela que, após uma leve redução entre 2020 e 2022, a violência doméstica voltou a crescer em Três Lagoas, retomando níveis elevados que reforçam a persistência do problema no município.
(*) Nathalia Santos




