Por propositura da vereadora Evalda Reis, ocorreu na noite desta quinta-feira (27), no Plenário da Câmara de Vereadores de Três Lagoas, o seminário “Desafio Jovem Peniel: 47 anos de serviços à comunidade no combate às drogas e promoção da reintegração social”.

O seminário foi transmitido, ao vivo, pelo canal oficial da Câmara no YouTube (TV Câmara Três Lagoas) e contou com a presença do vereador sargento Rodrigues e a esposa dele, de representantes religiosos (membros da igreja Jovem Peniel); o ex-vereador Gilmar Garcia Tosta; Luciana Cardoso, presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Negro; o pastor Wellington Antunes Corrêa, acompanhado de demais pastores; André, representante do Desafio Peniel; Janeth Azambuja o Presidente UTAM.

O evento teve início com a execução do Hino Nacional Brasileiro, seguida do registro oficial das autoridades presentes. Em sua fala de abertura, a vereadora Evalda Reis destacou a importância do trabalho desenvolvido pelo Desafio Jovem Peniel ao longo de quase cinco décadas, ressaltando o impacto social e a relevância da instituição no enfrentamento à dependência química.
Após a abertura oficial, foi exibido um vídeo institucional do Desafio Peniel. Em seguida, o pastor Wellington Antunes Corrêa fez uma breve reflexão sobre o papel da fé no processo de recuperação.

Na sequência, o público ainda acompanhou o depoimento da adicta Mariza Peixoto, que compartilhou experiências pessoais relacionadas ao processo de recuperação e acolhimento.
Palestras
O seminário contou com três palestrantes.
O médico e idealizador do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), Sandro Benites, que citou casos de morte por intoxicação no Brasil, entre adolescentes, a maioria por overdose por drogas. “Será que nós estamos distantes dessa realidade? Eu digo que não”, destacou o médico. Ele visita todas as comunidades terapêuticas da capital do estado e afirmou que a droga mais devastadora e porta de entrada para as demais é o álcool.
Benites também elencou fatores de risco no cenário de dependência: uso de drogas por pais e amigos; desempenho escolar insatisfatório; relacionamento deficitário com os pais; baixa autoestima; sintomas depressivos; ausência de normas e regras; pouca religiosidade e antecedente de eventos estressantes. Por fim, ele destacou a importância do esporte (atua na secretaria de esporte da cidade), para evitar a “epidemia da dependência química”.
A psicóloga clínica, Estela Xavier, que abordou a relação entre fé e ciência na recuperação da dependência química, discutindo práticas terapêuticas integradas e suas contribuições no tratamento. Ela apresentou diversos artigos, para trazer informações relevantes sobre o tema.
Ela definiu que a dependência química é definida como uma condição biopsicossocial e multifatorial, envolvendo: fatores biológicos (carga genética e alterações cerebrais que produzem dopamina e o desejo de consumir a droga. Isso requer o uso de medicações e suporte médico); fatores psicológicos (características de personalidade e a relação entre pensamento, sentimento e comportamento. Isso é abordado por meio de psicoterapias com evidências robustas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT), que buscam a psicoeducação do paciente); e fatores Sociais/Espirituais (o envolvimento da família, da comunidade e a espiritualidade).
Estela apresentou estudos internacionais (como de 2019 e 2022) que demonstram a eficácia da fé e da religiosidade
Também palestrou o procurador de justiça, Sérgio Harfouche que fez uma análise sobre drogas e saúde pública, destacando políticas de prevenção, formas de tratamento e estratégias de reinserção social.
Harfouche analisou o histórico da legislação antidrogas, desde 1976 até a Lei desde 1976 até a lei nº 11.343/2006, que despenalizou o uso, mas, segundo ele, gerou uma epidemia de consumo. “O problema é que esse usuário não era mais preso pelo porte e pelo uso, mas na relação contra tráfico havia porte de arma, roubos, sequestro, enfim, e isso se tornou um agravamento.”, destacou.
Ele lamentou que a despenalização e a legislação frouxa tenham feito com que a religiosidade e as comunidades terapêuticas se tornassem a principal “sobra” de resposta social.
O Procurador afirmou que as CTs, como a Desafio Jovem Peniel, foram historicamente sabotadas em seu tripé de sustentação: laborterapia, espiritualidade e convivência.
O Dr. Rafute concluiu que a dependência química não é uma opção, mas um problema social que exige uma resposta séria, regulamentada e humanitária. Ele elogiou a Lei nº 13.840/2019, que regulamenta as CTs, mas reiterou que o “governo anterior (criou a SENAPRED), o governo atual extinguiu” o suporte.
Luciana Cardoso, presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Negro, também fez um relato sobre o acolhimento no Desafio Jovem Peniel, para buscar tratamento da dependência química, quando era jovem, as conquistas, pessoais e profissionais, graças a recuperação. Ela ainda citou que já conselheira tutelar, onde viu muitas crianças dependentes de crack.
Ao final, a vereadora Evalda Reis agradeceu todos os envolvidos no evento e reforçar a importância da união de esforços. Ela garantiu que a Câmara Municipal não será “omissa” e continuará lutando por recursos e investimentos para as comunidades terapêuticas.
Evalda também endossou as palavras dos palestrantes falando em:
- Prevenção: a importância de cuidar da prevenção desde a infância.
- Fé e Ciência: a certeza de que a fé e a ciência “caminham juntos e fazem a diferença” na vida de quem buscou a Deus em momentos difíceis.
- Ação Parlamentar: agradeceu o esforço de seu companheiro de plenário, vereador sargento Rodrigues, e o trabalho do ex-vereador Gilmar Garcia, que tentou viabilizar a participação do Desafio Jovem Peniel no COMAD (Conselho Municipal Antidrogas).
“Nós vamos ser pescadores de homens, pescadores de almas. Não estamos aqui só pela lei ou pela justiça, ou pela palavra ou pela mensagem, mas pela mensagem de Deus também para cada um de nós.”
A proponente do Seminário concluiu pedindo sabedoria para os líderes e políticos, para que possam ajudar as pessoas com palavras de conforto e com o investimento necessário para a reinserção social dos recuperandos.












