Maquinário industrial lidera mudança no perfil das importações sul-mato-grossenses, revela dados da Semadesc
Por: Nathália Santos
Os dados mais recentes da Semadesc mostram uma mudança relevante no perfil das importações de Mato Grosso do Sul em 2025.
No acumulado de janeiro a novembro, chama atenção o forte crescimento da importação de maquinaria de papel e celulose, movimento diretamente associado à implantação da fábrica da Arauco no município de Inocência, no leste do Estado.

Segundo o levantamento, as importações desse tipo de maquinário saltaram de US$ 874,2 mil em 2024 para US$ 179,6 milhões em 2025, um crescimento superior a 20 mil por cento no comparativo anual.
Em termos de participação, o item passou de apenas 0,03% para 7,42% do total importado pelo Estado, figurando entre os três principais produtos da pauta em valor.
IMPORTAÇÕES TOTAIS CRESCEM E MUDA PERFIL DA PAUTA
No acumulado até novembro de 2025, Mato Grosso do Sul importou US$ 1,006 bilhão, ante US$ 737,9 milhões no mesmo período de 2024, um crescimento de 36,4% em dólares. O volume total também avançou, passando de 584,9 mil toneladas.
Apesar de o gás natural liquefeito seguir como principal produto importado, com US$ 737,7 milhões, sua participação relativa caiu de 40,69% para 30,47%, refletindo a diversificação da pauta e a entrada de bens de capital ligados a grandes projetos industriais.
MAQUINÁRIO DE PAPEL E CELULOSE IMPULSIONA IMPORTAÇÕES

O desempenho da categoria de maquinaria de papel e celulose é o principal destaque do ranking. Além do valor expressivo, o volume importado também aumentou significativamente, passando de 20 toneladas em 2024 para 22.063 toneladas em 2025.
Esse movimento indica a fase mais intensa de montagem industrial do maior empreendimento privado da história de Mato Grosso do Sul, com reflexos diretos no comércio exterior estadual.
PROJETO DA ARAUCO EM INOCÊNCIA EXPLICA O SALTO

A alta nas importações está diretamente ligada à construção da fábrica da Arauco Celulose em Inocência. O projeto, conhecido como Projeto Sucuriú, prevê um investimento estimado em cerca de US$ 4,6 bilhões (aproximadamente R$ 25 bilhões, a depender do câmbio), consolidando o município como um novo polo da indústria florestal no Brasil.
A planta terá capacidade de produção em torno de 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, voltadas majoritariamente à exportação. Durante o pico das obras, são esperados mais de 10 mil trabalhadores, além da geração de cerca de 6 mil empregos indiretos ao longo da cadeia produtiva.
A necessidade de equipamentos de grande porte, caldeiras, sistemas industriais, válvulas, tubos e máquinas especializadas explica também o crescimento de outros itens da pauta, como caldeiras geradoras de vapor, válvulas e tubos termiônicos e equipamentos de aquecimento e resfriamento, todos com altas expressivas em 2025.




