31/08/2006 10h56 – Atualizado em 31/08/2006 10h56
TV Morena
A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul volta a ter sua imagem arranhada. O corregedor da corporação, coronel Gustavo David Gonçalves, responsável em zelar pela moralidade e a boa conduta do policial, mantém e ganha dinheiro com um site de propaganda de prostitutas. Ele confirma, em entrevista à TV Morena, que mantém o site de garotas de programas, cobrando R$ 50 para publicar a foto e mais R$ 50 de mensalidade. O comandante-geral da PM, coronel Ademar Brites, diz que vê apenas uma falta ética, desconhecendo se essa atividade paralela do oficial seja crime. Segundo a lei, no entanto, mediar a lacívia de outrem é crime de rufianismo ou lenocínio, previsto nos artigos 227 e 228 do Código Penal, que prevêem penas de um a oito anos de prisão. O coronel Gustavo David Gonçalves já trabalhou na Governadoria, atuando no gerenciamento de crises, foi diretor-presidente da Agepen, quando era major, e passou a integrar a cúpula da PM depois que foi promovido pelo governador Zeca do PT. Ele disse que vai deixar a Corregedoria e reclama que o site pornográfico não lhe rende muito dinheiro, poderia ser mais rentável. Por isso, se dispõe a vender os direitos da home-page. Neste mês há 30 prostitutas com anúncio no site. O site do coronel da PM (www.classisexyms.com.br), que se classifica como ‘erótico e não pornográfico’, está no ar há três anos, oferecendo prostitutas e também homens de programa sexual. A prostituta que quiser anunciar seus serviços liga direto para o coronel, pelo celular ou e-mail constante no site. Conforme reportagem da TV Morena, uma pessoa ligou para o coronel para oferecer serviços de prostituição: – Como faço prá mandar minhas fotos prá você? – Tem que mandar no meu e-mail: gonçalves dez anderlaine um arroba hotmail ponto com – responde o coronel. – Quanto custa? – 50 reais a adesão e 50 reais a mensalidade. – As outras meninas gostaram do trabalho? – O pessoal adora! – Tem bastante acesso? – Bastante, nossa, bastante mesmo! Procurado pela TV Morena, o coronel afirmou: ‘o meu site só faz o anúncio lá. O que ela oferece ou não para o cliente eu não sei…’, respondeu. Perguntado se era responsável pelo conteúdo, disse: eu faço o contrato e anuncio o que eles querem anunciar e a ligação telefônica, o contato é feito num telefone que lá e veiculado com a pessoa, com o cliente, sei lá com quem, quem tem esse telefone. Eu não sei, não tenho controle disso’, desconversou. Para o promotor Gerardo Eriberto, da Auditoria Militar, o negócio é incompatível com a função que o coronel exerce. ‘Na Polícia Militar o homem que exerce a defesa da moralidade interna é o corregedor e esse cargo tem de ser preservado e ocupado por um homem que saiba, sobretudo, manter sua vida pessoal e servir de exemplo para a tropa e até para a sociedade como homem de moralidade absoluta’. O comandante-geral Ademar Brites diz que a PM investiga o caso, mas lembra que para a corporação existe apenas a falha ética, sendo difícil julgar se há crime ou não. ‘A conduta, à primeira análise, me parece ferir o aspecto ético. A parte ilegal nós vamos verificar porque nós não temos, por ser uma coisa moderna e nosso regulamento bastante antigo, não é prevista esta modalidade criminosa (…) Vamos tomar todo procedimento administrativo vamos tomar e se confirmar o nome dele em relação à propriedade deste site nós o afastaremos das funções e tomaremos todas as medidas administrativas complementares’. O Ministério Público já pediu a quebra do sigilo telefônico do corregedor e a apreensão dos equipamentos usados para a divulgação das fotos das prostitutas no site do coronel Gustavo David Gonçalves.
