25/07/2006 09h06 – Atualizado em 25/07/2006 09h06
Midiamax News
Integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) que possuem dívidas com a facção estão indo trabalhar como pistoleiros na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai para poder quitá-las, sendo que essas pessoas, que a polícia vem tentando identificar, estão circulando livremente pelo país vizinho. As informações foram obtidas em depoimentos colhidos pelo juiz federal Odilon de Oliveira, sendo que elas já teriam participado de ao menos dois assaltos a banco em cidades paraguaias desde 2005. De acordo com entrevista do juiz ao jornal Folha de S. Paulo, o PCC já tem até um líder no Paraguai, o traficante Nilton César Verón, atualmente em uma penitenciária de Assunção. Ele foi detido em janeiro de 2005 com 102 quilos de cocaína em Pedro Juan Caballero e é considerado o líder do PCC em território paraguaio. Os pistoleiros do PCC trabalhariam para fazendeiros que disputam o monopólio da produção de maconha em cidades como Capitán Bado e Pedro Juan Caballero, que registram dezenas de assassinatos por semana devido ao tráfico. Atuando na fronteira, eles intermedeiam o envio de carregamentos de armas e de drogas para os mercados consumidores do Rio e de São Paulo e mantêm contatos com guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que vão ao Paraguai para trocar a cocaína colombiana por armas. Segundo o juiz, as Farc ensinaram táticas de guerrilha aos membros do PCC radicados na fronteira. A Polícia Federal e as polícias do Mato Grosso do Sul e do próprio Paraguai têm feito sucessivas apreensões de drogas com a inscrição das iniciais da facção na fronteira. Na última quinta, sete membros do PCC foram presos em Presidente Prudente. Um deles, o três-lagoense Emerson Josias Menezes dos Santos, 32, o “Bochecha”, estava em Pedro Juan Caballero, e as armas apreendidas foram trazidas do Paraguai. Em maio, ele fora preso com 30 quilos de cocaína, mas fugiu da cadeia. A Polícia paraguaia tem informações de que, em abril, o PCC participou da tentativa de assalto à agência do Sudameris na cidade de Hernandarias. A suspeita surgiu porque os ladrões usaram os mesmos métodos do furto de R$ 164,8 milhões do Banco Central, em Fortaleza, no ano passado. Aquela ação, segundo a Polícia Federal, teve participação do PCC. Em Hernandarias, assim como no Ceará, os assaltantes alugaram uma casa perto da agência e cavaram um túnel para chegar ao alvo. Em 2005, a polícia do Paraguai já tinha sido alertada sobre a presença da facção em seu território. Na ocasião, o serviço de inteligência descobriu que ao menos 15 membros estavam na região agindo em seqüestros. O PCC também já tem ramificações na Bolívia, segundo a Polícia Federal. No país, o traficante José Severino da Silva, 36 anos, conhecido como “Cabecinha do PCC”, possui uma fazenda de mil hectares produtora de cocaína. Em maio, seis supostos integrantes de sua quadrilha foram presos em Coxim (MS) com 300 quilos de cocaína que seriam levados para São Paulo e Rio de Janeiro. A droga tinha valor estimado em US$ 1,5 milhão. Há cerca de duas semanas, a polícia do Mato Grosso do Sul descobriu um plano de seqüestro do juiz criminal Eduardo Maguinelli Júnior e do diretor da Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí, Joaquim Hellis Alves. Os seqüestros seriam em protesto contra a transferência de líderes que comandaram rebeliões em Campo Grande e Dourados. Esses líderes devem ir para o presídio federal de Catanduvas (PR). Já a Polícia Federal apurou que dois dos seis integrantes do PCC presos em maio tinham prestado concurso para a PM sul-mato-grossense.