15/07/2006 08h32 – Atualizado em 15/07/2006 08h32
Última Instância
Denivaldo Barni, advogado cível e ex-tutor de Suzane von Richthofen, afirmou nesta sexta-feira (14/7), em entrevista coletiva, que sua cliente não está interessada na herança dos pais e quer apenas um carro que ganhou de presente e a casa que era de sua avó paterna para morar. Manfred e Marísia von Richthofen, pais de Suzane, foram mortos em outubro de 2002, em crime que contou com a participação da jovem e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos — os três são réus confessos. O advogado disse que sua cliente abrirá mão da herança mesmo se for absolvida no julgamento marcado para a próxima segunda-feira (17/7), às 13h, pelo Tribunal do Júri da Barra Funda. “Ela abre mão de tudo, como já o fez. Ela quer apenas uma casa e o carro dela”, afirmou. A estudante reivindica um veículo da marca Gol dado a ela pela avó paterna, Margot, além da casa em que a avó vivia. “Suzane não tem nenhum documento, não tem nenhuma roupa dela e não pôde ter acesso a nenhum de seus objetos pessoais”, afirmou Barni, acompanhado pelos advogados criminais da jovem, Mauro Otávio Nacif e Mário Sérgio de Oliveira. “Ela não tem interesse nos bens. Ela nunca ligou para dinheiro”. De acordo com Barni, já foi pedido à Justiça que seja nomeado um novo inventariante para os bens, atualmente sob administração de seu irmão, Andreas. “Seria um terceiro, particular, sem vínculo com a família”, destaca. Barni, contudo, admite que há alguns meses a defesa realmente entrou com uma petição para que a própria Suzane administrasse o patrimônio. O motivo seria a falta de tempo do irmão, que estaria causando a dilapidação do mesmo. “Ela fez isso por amor ao próprio Andreas. Ela não seria a dona dos bens, que seriam do espólio. Só administraria porque estava em liberdade”, alegou. Ainda segundo o advogado, logo após o crime, um acordo chegou a ser proposto para que Suzane abrisse mão da herança em favor de Andreas, mas o tio, Miguel Abdalla, não aceitou. A condição seria que o tio não entrasse com uma ação de indignidade contra Suzane, o que culminaria em um processo para que ela fosse excluída da herança. Sem acordo, a ação de exclusão foi feita e o inventário teve continuidade. A ação só deve ser apreciada depois do trânsito em julgado do processo criminal contra Suzane pela morte dos pais. Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual deixou para se manifestar sobre o caso às vésperas do julgamento, Barni argumentou que o processo corria em segredo de justiça e que não poderia falar sobre ele. “Eu não fiz como a promotoria, que comentou o caso que estava em segredo, mesmo não podendo fazer isso”, justificou. E foi seguido por Mário Sérgio de Oliveira: “Quando a defesa se manifesta, é caldeirão de bruxarias. Quando é a acusação, é fada madrinha”, protestou.