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domingo, 14 de setembro de 2025

Em Bela Vista, ponte quebrada há 6 meses isola índios

04/05/2006 15h34 – Atualizado em 04/05/2006 15h34

Agora MS

Cerca de 106 famílias de índios guarani-cauiá da região de Bela Vista estão isoladas há seis meses. A ponte de madeira que dá acesso à aldeia Pinakua foi levada pela enchente que atingiu o Rio Apa em outubro do ano passado. Até agora não foi providenciada outra passagem.“Os alimentos são deixados do outro lado do rio e a gente vai lá, atravessa o rio a pé, e leva nas costas. O atendimento médico só a cavalo e também temos que levar o doente nas costas”, relata Jerson Lopes Machado, um dos moradores da aldeia.Outro problema é quanto aos 13 jovens que estudam em um assentamento a 40 quilômetros da aldeia. Eles atravessam a nado o Rio Apa para pegar o ônibus do outro lado e depois atravessam novamente de noite para chegar em casa. “Isso se não chover porque aí fica muito cheio e não tem como passar”. A distância entre uma margem e outra é de aproximadamente 50 metros.“Já falamos com a Funai (Fundação Nacional do Índio), prefeitura e Ministério Público e até agora não teve resultado nenhum. A prefeitura fala que não tem recursos e a Funai diz a mesma coisa”, conta.Lopes Machado disse que uma comissão deve ir até a próxima semana no Ministério Público para verificar o andamento da solicitação da aldeia.O secretário de Obras de Bela Vista, Nélio Diório, informou ao Campo Grande News, que a prefeitura não tem recursos suficientes para construção da ponte. Ele diz que um orçamento foi feito à época do desabamento e a obra ficaria em torno de R$ 140 mil. “Nós entramos em contato com a Funai para conseguir a madeira. Na região tem muita madeira. Tem madeira no chão estragando e a gente queria aproveitar o material para reduzir o valor”, explica. Segundo ele, o preço cairia para menos da metade caso fosse fornecida a matéria prima. “Ao todo 15 pontes caíram no município. Na mesma estrada deles, num ponto adiante, outra ponte caiu. A gente está fazendo as pequenas para escoamento de produto, de gado e as que são linha de ônibus para as escolas”.Cleomar Vaz, da Funai de Dourados, informou que quando a ponte caiu, foi feita uma reunião com os índios para apontar soluções para o problema. Ele confirmou o pedido da prefeitura de aproveitamento da madeira, contudo, explicou que a autorização não foi um consenso dentro da aldeia. “Nós comunicamos aos índios, mas não houve aval de toda comunidade. Eles alegaram que outros índios podem ser influenciados a comercializar a madeira para benefício próprio”, explica. “No momento estamos aguardando a posição de toda a comunidade porque a Funai não tem autorização para tirar madeira tanto verde quanto seca”, emendou.Segundo Cleomar, além do aval dos indígenas, é necessária uma autorização por parte dos órgãos de meio ambiente. “Temos de nos precaver, fazer de estudo de impacto ambiental, não tem como entrar com trator, moto-serra em uma reserva”.

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