03/05/2006 15h45 – Atualizado em 03/05/2006 15h45
Olair Nogueira
Escoltada por policiais militares 24 horas por dia, a prefeita de Santa Rita do Pardo, Eledir Barcelos de Souza (PT) disse viver momentos ainda difíceis após o episódio que culminou com a prisão em flagrante de cinco vereadores e do assessor jurídico da Câmara. O fato ocorreu no último dia 12 de abril. Eles foram presos em flagrante tentando extorquir dinheiro da prefeita.“No início foi difícil, pois ficava agitada e com medo de tudo e todos que estavam ao meu redor”, explicou. Ela é acompanhada por dois policiais militares a paisana e armados. Eles foram cedidos pelo Polícia Militar de Três Lagoas e fazem parte da tropa de elite da PM.AMEAÇASegundo a própria prefeita, um comentário chegou a ela dando conta de que em uma determinada lanchonete da cidade uma pessoa teria declarado ‘em alto de bom tom’ que iria comprar um rifle de longo distante e com mira laser para acertar a prefeita. Foi a partir desse momento e temendo pelo que poderia ocorrer com ela e com a família dela, que decidiu pela escolta policial. “Temo pela minha família já que pessoas inescrupulosas podem fazer algo a mim e meus familiares”, falou emocionada.DORCELINA FOLADOREledir vive a mesma situação da então prefeita assassinada de Mundo Novo, Dorcelina Folador. Em outubro de 1999, após sucessivas ameaças que se iniciaram quando foi eleita, por denunciar a “máfia da fronteira”, que utilizava a cidade, a 12 Km da divisa com o Paraguai, para suas ações criminosas, como narcotráfico, contrabando de armas, mulheres e crianças, foi morta com seis tiros na varanda da casa dela. O município de Mundo Novo tornou-se foco da mídia nacional com o crime.Naquela época, a cidade se viu tomada por um sistema administrativo corrupto e conivente com a chamada “máfia da fronteira”. Redes de narcotráfico, pistolagem e de “arrastadores” de carros formaram um esquema nebuloso (porém evidente) e crescente do crime organizado, comprometendo os setores econômicos e sociais do município.A decisão de eliminar a prefeita teve dois objetivos: cassar o mandato legítimo da prefeita e usar o caixa da Prefeitura para a corrupção e o pagamento de dívidas escusas. Além disso, os “mafiosos” pretenderam mostrar à população que aquela fronteira é território de “poder” de foras-da-lei e que quem ousar desafiá-los terá o mesmo destino. O governo estadual agiu com determinação e iniciou o esclarecimento do assassinato. Prendeu o pistoleiro Getúlio Machado e seus mandantes. Os conhecidos, até este momento, são Jusmar Martins da Silva, Maurício Fernandes da Silva e Roldão Teixeira de Carvalho. Porém, ainda há que se esclarecer o envolvimento do que se pode chamar de esquema maior, ou máfia da fronteira, responsável pela bandidagem da região.