20/04/2006 17h07 – Atualizado em 20/04/2006 17h07
Pollyanna Eloy
Doze internas do Presídio Feminino de Três Lagoas utilizaram a comédia para encenar problemas reais vividos nos sistemas penitenciários do Brasil. A apresentação, realizada nesta quinta-feira, faz parte do projeto nacional “Teatro do Oprimido”, idealizado pelo Depen (Departamento Nacional Penitenciário).Entre os temas encenados pelas internas estiveram: atendimento médico precário, descaso por parte das agentes ao repassarem informações às detentas, ente outros problemas do cotidiano da vida das presidiárias.De acordo com um dos coordenadores do projeto, Jehu Vieira Cerrado Júnior, o projeto tem o objetivo de teatralizar os problemas e compreendê-los melhor. “Além disso, é uma maneira para que elas possam expor os sentimentos, na maioria das vezes oprimido pelo ambiente em que vivem”, declarou Cerrado. Ele acrescentou que a escolha pelo lado cômico tem o intuito de evitar constrangimentos. “O projeto também atinge os funcionários do sistema penitenciário. Queremos proporcionar melhoras ao sistema e não trazer mais problemas. Por isso a escolha pelo cômico”, explicou.Para a interna Cristiane Curtiz, 26 anos, o teatro tornou-se uma experiência construtiva. “O projeto significa uma oportunidade de mudanças e melhoras no sistema penitenciário. Além disso, no teatro encontramos uma chance de lidar com a ociosidade. Com o projeto, tivemos um incentivo e ocupação”, declarou.Essa é a segunda vez que o projeto é desenvolvido no município. A primeira apresentação ocorreu no dia 4 de novembro do ano passado. TEATRO DO OPRIMIDOO teatro é uma metodologia sistematizada pelo teatrólogo, Augusto Boal. O projeto está sendo desenvolvido nas prisões de seis estados, sendo eles: Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Espírito Santo, São Paulo e Mato Grosso do Sul.No Estado, além do apoio da Depen, o projeto teve a colaboração da Secretária de Justiça e Segurança Pública e da Agepen, através do Setor de Apoio ao Servidor.