24.5 C
Três Lagoas
quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Após 33h, sem-terra desbloqueiam a BR-163 no sul do Estado

21/03/2006 14h47 – Atualizado em 21/03/2006 14h47

Midiamax News

Após 33 horas de protestos, os trabalhadores rurais sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), Fetagri (Federação dos Trabalhadores em Agricultura), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e FAF (Fundação de Agricultura Familiar) liberaram há pouco os dois trechos da BR-163 fechados ontem para cobrar a desapropriação da fazenda Santo Antônio para reforma agrária. Logo em seguida foi a vez dos caminhoneiros liberarem outro trecho da rodovia, a 15 quilômetros ao norte do entroncamento das BRs 487 e 163, que tinha sido fechado para impedir a possível chegada de mais 1,5 mil sem-terra que seriam trazidos em ônibus para engrossar a manifestação iniciada segunda-feira.

O bloqueio acabou depois que os sem-terra foram informados sobre a vinda de dois representantes de Brasília (DF) – o ouvidor Agrário Nacional Gercino José da Silva e o presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hackbart, que devem participar de uma reunião amanhã, a partir de 14 horas, em Naviraí. “Se eles não vierem, os sem-terra vão fechar todo o Estado”, ameaçou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaquiraí, Isaac da Silva, que desde o início do protesto, estava intermediando as negociações.

A manifestação dos sem-terra teve início às 5h30 quando eles fecharam o entroncamento das BRs 163 e 487, entre Itaquiraí e Naviraí. No período da tarde, do mesmo dia, os sem-terra fecharam o quilômetro 42 da rodovia, entre os municípios de Itaquiraí e Eldorado, onde estão pelo menos 150 famílias do acampamento Antônio João. No entroncamento, policiais federais tentaram forçar a passagem e quase atropelaram uma trabalhadora rural que está no protesto.

A viatura da PF teria tentado furar o bloqueio e foi impedida pelos sem-terra, sendo que dois policiais federais saíram armados do carro e enfrentaram os trabalhadores rurais que estavam com foices e enxadas. Os ânimos foram acalmados depois da interferência de um delegado da PF de Naviraí. Hoje, no início da tarde, os caminhoneiros impediram a passagem de qualquer carro de passeio, caminhão ou utilitário e barreira de caminhões provoca congestionamento de 15 quilômetros no sentido trevo-Itaquiraí e mais de cinco quilômetros no sentido trevo-BR-487.

Os caminhoneiros já tinham bloqueado um trecho da BR-163 ontem à noite, mas a PRE (Polícia Rodoviária Estadual) pediu a retirada dos caminhões que interditavam a segunda pista, no sentido Mundo Novo-Campo Grande. Hoje, no entanto, os caminhoneiros resolveram trancar novamente a passagem para impedir a possível chegada de mais 1,5 mil sem-terra que seriam trazidos em ônibus para engrossar a manifestação iniciada segunda-feira.

Segundo informações da Polícia Militar de Naviraí, os sem-terra exigiam a presença do presidente regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Luiz Carlos Bonelli, para explicar o andamento do processo de aquisição da fazenda Santo Antônio para reforma agrária. A propriedade rural tem 28 mil hectares e foi desmembrada em quatro partes para o processo de desapropriação (Santo Antônio e Caburaí, I, II e III), sendo que a área é alvo de disputa judicial que inclui várias propriedades na faixa de fronteira, que tem titularidade reivindicada por produtores rurais e pelo governo federal.

Leia também

Últimas

error: Este Conteúdo é protegido! O Perfil News reserva-se ao direito de proteger o seu conteúdo contra cópia e plágio.