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Computador de R$ 800 é aposta para inclusão digital

15/02/2006 08h09 – Atualizado em 15/02/2006 08h09

Estadão

Um computador simplificado, cuja tônica é o acesso à internet, com preço na faixa de R$ 800 e voltado à população de baixa renda é a principal aposta da empresa de microprocessadores AMD em um programa global de inclusão digital, chamado de Iniciativa 50X15. A meta é viabilizar a inclusão digital de 50% da população mundial até 2015. No atual ritmo dos programas internacionais com essa ênfase, a inclusão dessa população só seria feita em 2032. O PIC (sigla pra Personal Internet Communicator), depois rebatizado de FIC Conectado, foi lançado em caráter experimental em setembro de 2005 e se tornou disponível para o consumidor em dezembro, a partir de uma parceria com a Telefônica, responsável pela comercialização do produto. O computador permite acesso à internet discada e uso de processadores de texto, planilhas e e-mail. “É um equipamento mais simples, para pessoas que tem acesso à informática pela primeira vez”, diz Otto Stoeterau, gerente do projeto PIC da AMD no Brasil. “É muito parecido com um eletrodoméstico e foca na internet, que é o que o usuário quer.” Vem com processador Geode GX, da AMD, memória de 128 Megabytes, disco rígido de 10 Megabytes e utiliza o sistema operacional Windows CE, da Microsoft, além de monitor de 15 polegadas, mouse e teclado. Em vez de doar computadores ou patrocinar telecentros, a AMD preferiu se concentrar no desenvolvimento de tecnologias voltadas à inclusão social, dentro de sua estratégia de negócios. “O FIC Conectado é um dos produtos que materializam a iniciativa 50X15”, diz Valter Cegal, gerente de projetos especiais e relações governamentais da AMD. O produto foi lançado inicialmente no México, e a intenção é expandir para outros países emergentes. A AMD está estruturando uma fundação para melhor gerir os programas e para conseguir o apoio de outros parceiros da área de tecnologia, como a Microsoft, a Cisco e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Segundo a Telefônica, a procura pelo produto tem se mostrado acima das expectativas. Desde o lançamento comercial do FIC Conectado, em dezembro, a empresa recebeu 100 mil ligações de pessoas interessadas, e em torno de 10 mil pedidos se converteram em vendas. “Com o projeto, ganhamos a fidelidade dos clientes, que passam a usar também nossos serviços de internet. Além de gerar dividendos sociais”, diz Odmar Andrade, vice-presidente de negócios residenciais da Telefônica. GOVERNO Os pilotos do FIC Conectado foram testados em setembro do ano passado, em uma loja da Telefônica em Bauru. Depois, por meio de uma parceria com o governo paulista, foram colocados 15 equipamentos na unidade do Poupatempo de Santo Amaro, onde foi registrado um acesso de 500 pessoas/dia por aparelho. Foi feita ainda uma parceria com o governo do Mato Grosso, para facilitar a compra do equipamento para funcionários públicos. No entanto, as empresas envolvidas no projeto do FIC Conectado esbarram na não inclusão do produto no programa Computador para Todos (antes chamado de PC Conectado) do governo federal. Na visão do governo, o produto não tem as especificações de um microcomputador padrão – CPU, unidade de CD-ROM e 26 programas, além do uso do software livre – e acabou ficando de fora do pacote de vantagens que permitirão que esse produtos se tornem mais acessíveis. Entre eles, o repasse de recursos do BNDES para o varejo. “O produto não veio para competir com o desktop padrão. É uma unidade de acesso à internet, um produto complementar para o mercado”, diz Luciano Lamoglia, presidente da Phihong FIC do Brasil, fabricante taiwanesa de eletrônicos localizada em Santa Rita do Sapucaí (MG). A empresa, responsável pela fabricação do FIC Conectado, está tentando retomar as conversas com o governo para enquadrar o produto no programa Computador Para Todos. Já conseguiu redução de impostos, como PIS e Cofins, de 9,25%, e do IPI, que baixou de 15% para 0,75%. O produto, financiado pelas financeiras Losango e Aymoré, ainda tem um valor de parcela alto – de R$ 42,90, em 36 vezes – que pesa no bolso das classes C e D. “Se conseguirmos o apoio do governo, ganharemos escala e o valor da parcela se tornará mais acessível”, diz Lamoglia. “Produzido em maior escala, esse sim será o computador de US$ 100”, alfineta, em alusão ao projeto do laptop de US$ 100 lançado pelo MIT e visto com simpatia pelo governo federal.

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