14/02/2006 10h29 – Atualizado em 14/02/2006 10h29
Globo Online
Nos campos de batalha no Iraque a vida não apenas imita os games como também é facilitada pelos jogos eletrônicos. O sargento americano Sinque Swales recorda ao jornal “Washington Post” uma vez em que abriu fogo com seu fuzil.50 contra insurgentes na cidade de Mosul, no Norte iraquiano. Era apenas a segunda vez em que atirava contra inimigos. Humanos. “Eu me senti como se estivesse em um grande video-game. Ele sequer me amedrontou, atirando de volta. Foi apenas um instinto natural. Bum! Bum! Bum! Bum!”, relembra o militar, que serviu no Iraque por quase um ano. Como muitos soldados do 276º Batalhão de Engenharia do Exército dos EUA, cujos videogames PlayStations e Xboxes lotam tendas e trailers, Swales costuma usar jogos que reproduzem situações de combate. “Full Spectrum Warrior”, um título com tema militar desenvolvido com a ajuda do Exército americano, e “Halo 2” eram os seus jogos preferidos no front. “Os insurgentes estavam disparando do outro lado da ponte. Chamamos um helicóptero para um ataque aéreo. Eu não pude acreditar no que eu estava vendo. Era como ‘Halo’. Não parecia real, mas era real”, conta o sargento, de 29 anos A atual geração de combatentes americanos foi formada nos videogames, revelou o Exército em um estudo recente. As “simulações de computadores”, como os militares preferem chamar os games, mudaram a forma como os soldados dos EUA lutam, suas habilidades e suas formas de matar. “Houve uma grande mudança no modo como nos preparamos para a guerra, e os soldados que estamos treinando são crianças da era digital que cresceram com GameBoys”, diz o almirante reformado Fred Lewis, em referência a um popular jogo nos anos 90. O oficial passou 33 anos nas Forças Armadas americanas e agora chefia a Associação Nacional de Sistemas de Treinamento. “Usar simulações para treiná-los não é apenas natural, é necessário”, acrescenta Lewis. “A tecnologia nos games facilitou uma revolução na arte da guerra”, diz David Bartlett, ex-chefe de operações do Escritório de Simulação de Modelos de Defesa, um departamento estratégico do Departamento de Defesa americano e ponto nevrálgico do treinamento computadorizado do Pentágono.




