13/02/2006 08h55 – Atualizado em 13/02/2006 08h55
Folha da Região
A natureza proporciona ao homem inúmeras plantas com valores medicinais. Ervas como recurso para a cura é um expediente passado de geração para geração e que persiste ainda hoje.Pesquisas científicas comprovam propriedades medicinais de várias plantas, mas a auto-medicação é condenada pelos médicos. O urologista Pedro Pizzo Neto alerta as pessoas para que fiquem atentas às espécies para não tomarem por engano alguma erva que possa colocar a vida em risco. Na sua especialidade, ele chega a recomendar o uso de chá para determinados pacientes. De acordo com o urologista, no caso do tratamento urinário, é indicado que a pessoa tome bastante líquido. A ingestão do chá cumpre essa função.”Para não haver algum problema geralmente em recomendo que a pessoa tome água mineral. Mas os ancestrais não estão enganados quando dizem que o chá de uma determinada erva é bom para os rins, por exemplo, porque na verdade é o líquido que eles tomam que é o importante”, ressalta o urologista.Segundo ele, para evitar o cálculo urinário (pedra nos rins) é necessário que se tome grandes quantidades de líquido. Quando algum paciente diz que está tomando algum chá, Pizzo Neto recomenda que continue para haver a ingestão da quantidade necessária de bebida para o tratamento.Embora também seja desconfiada com o uso exclusivo de plantadas como remédios, a infectologista Terezinha Manteiga não descarta os efeitos medicinais que determinadas ervas podem propiciar.Especialista em tratamento de pessoas infectadas com leishmaniose, a médica cita o caso da citronela. Ela é comumente usada como repelente contra o mosquito transmissor da doença, o birigüi ou mosquito-palha. Conforme a médica, somente o uso isolado da citronela não garante ação eficaz contra o inseto.De acordo com Terezinha o uso da citronela para espantar os insetos já se tornou incontestável porque farmácias já vendem produtos que tem a planta como base principal, mas ela alerta que principalmente no caso da leishmaniose a citronela não pode ser considerada como a única medida, mas como com uma das diversas ações que devem ser tomadas no combate GERAÇÃO – Um exemplo da transmissão do conhecimento das plantas terapêuticas de geração para geração fica claro na casa da aposentada Maria José de Souza, de 68 anos, que confia nos poderes das ervas e influenciou a sobrinha Valquíria Balbino Calvoso, 38, que mora junto com ela, na rua Paraguaçu, bairro Pereira Jordão. Maria disse que recebeu seus conhecimentos sobre as ervas com sua mãe e lembrou que a avó também era muito adepta do uso das plantas. Tia e sobrinha colecionam 15 plantas no quintal da residência, para as mais diversas finalidades e abastecem os vizinhos que as procuram. Plantas como losna, que segundo Maria é bom para curar problemas estomacais, rubi contra inflamação e para cicatrização e mastruz para ser batido com leite para infecções são as mais procuradas na casa de dona Maria, além das tradicionais como erva-doce e boldo para os rins e ressaca.O aposentado Cícero Januário de Souza, 74, disse que há anos é adepto da mistura conhecida como garrafada, com mel, alho, cebola e casca de angico para curar suas dores.Trabalhador autônomo, José Aparecido, Duda como é conhecido, 46, tira o sustento da família vendendo ervas terapêuticas.