09/02/2006 19h45 – Atualizado em 09/02/2006 19h45
Midiamax News
Ao revelar que apóia uma coligação entre PT, PDT e PFL o governador Zeca do PT pode ter desmanchado uma aproximação que estava sendo buscada pelo senador Delcídio do Amaral (PT) com o presidente do PFL, deputado federal Murilo Zauith. A articulação para tentar atrair o adversário e abalar a estrutura da coligação que apóia André Puccinelli (PMDB) teria começado na semana passada por iniciativa do senador, interessado em fortalecer a própria candidatura. Em entrevista hoje pela manhã, Zeca afirmou que gostaria de formar uma chapa com Delcídio para governador, Zauith como candidato ao Senado e a professora Leocádia Petry Leme – do PDT de Dourados – como candidata a vice-governadora. Apesar de ser comentado oficialmente por uma liderança política apenas hoje, o assunto não é novo.Delcídio e Murilo, segundo fonte ouvida pelo Midiamax, se encontraram em um vôo – de Campo Grande para Brasília (DF) – na terça-feira passada e voltaram a discutir o assunto. Não houve conclusão sobre a aproximação, mas a proposta foi feita e um dos argumentos usados foi de que Zauith estava sem espaço na coligação PPS, PSDB, PFL e PMDB, sendo obrigado a disputar a vaga ao Senado com a tucana Marisa Serrano. O senador relatou o encontro ao governador que divulgou a idéia à imprensa. A fonte pediu para não ser identificada, pois é ligada a um dos parlamentares e esta envolvida no processo de negociação. Ela acredita que depois da divulgação feita por Zeca a aproximação pode estar definitivamente “enterrada”, já que com a articulação vindo a público os aliados de André devem cobrar do PFL a permanência no projeto de Puccinelli. Zauith, em entrevista ao Midiamax, não afirmou descartar a aproximação. Apesar disso, divulgou por meio de assessores que não tem interesse em aliar-se a Delcídio. “Não há nenhuma possibilidade de aliança com o PT. Nosso projeto é com os partidos de oposição”, afirma. Pesam na declaração do deputado o fato de PT e PFL serem inimigos tradicionais em Dourados, base eleitoral dele, e o medo da população não entender a mudança de lado. Delcídio foi procurado pelo Midiamax para conversar sobre a declaração do governador Zeca do PT e sobre a negociação com o PFL. Até o fechamento desta reportagem ele ainda não havia entrado em contato com a redação. A assessoria de imprensa do senador informou que Delcídio não se encontrou com Zauith em Campo Grande durante o fim de semana – reservado para negociações políticas – e que ele conversou apenas com os presidentes do PDT, João Leite Schimidt, e do PL, Londres Machado.A declaração de Zeca do PT e a possível negociação de Delcídio com o PFL – partido que faz oposição ao governo Lula – causou perplexidade entre os políticos do Estado. Segundo o deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT), o governador pode mesmo ter estragado os planos de Delcídio, caso a coligação estivesse mesmo em estudo. “A atitude do governador foi intempestiva”, disse Biffi, citando que o sigilo deveria ser mantido. Entristecido, o deputado estadual Pedro Kemp (PT), declarou que ajudar o PFL a eleger um senador seria o mesmo que enfraquecer a base aliada de Lula no Senado e que Zeca. Já o deputado federal Waldemir Moka, presidente do PMDB, afirmou que a estratégia de fazer com que Zauith se afaste do PMDB não dará certo por causa da união que existe entre PFL, PPS, PSDB e o próprio PMDB.
