08/02/2006 19h50 – Atualizado em 08/02/2006 19h50
AP/Estadão.com
Nova York – Bebês cujas mães tomaram antidepressivos durante o segundo semestre da gravidez têm seis vezes mais chances de desenvolver um distúrbio do pulmão, afirmam os pesquisadores na edição do New England Journal of Medicine. Os antidepressivos que causariam os problemas são chamados de inibidores seletivos de serotonina, uma classe de drogas que inclui Prozac, Paxil e Zoloft. “Este é o último de uma série de trabalhos sobre os efeitos adversos desses medicamentos em fetos” afirmou o Dr. James L.Mills em um editorial na edição jornal. Mills é membro do Instituto Nacional de Saúde da Criança e Desenvolvimento Humano.No estudo, pesquisadores observaram um problema chamado hipertensão pulmonar permanente. O distúrbio ataca duas em cada mil crianças que nascem e se manifesta depois do parto quando o pulmão do bebê não se adapta rapidamente e não há oxigênio suficiente no sangue. Foram entrevistadas mães de 377 crianças que tinham o problema e perguntaram se elas haviam tomado medicamentos para depressão no período da gravidez. As mulheres foram comparadas com mães de 836 bebês saudáveis nascidos praticamente na mesma época.As mães de 14 crianças que possuíam a complicação pulmonar afirmaram ter tomado os medicamentos citados durante a segunda metade de sua gravidez. Enquanto, no grupo de comparação, seis mães disseram que haviam tomado. Os pesquisadores calcularam que os antidepressivos aumentavam o risco do aparecimento do distúrbio em seis vezes. Eles descobriram que o risco não aumentava durante a primeira metade da gravidez ou em virtude do uso de outros antidepressivos sem os inibidores seletivos de serotonina.ControvérsiaA pesquisadora, Christina Chambers da Universidade da Califórnia, disse que se há um risco real ele é muito pequeno. Segundo pesquisadores 99% das mulheres que tomam antidepressivos nos últimos meses de gravidez darão à luz a bebês saudáveis. A pesquisa de Chambers foi patrocinada por indústrias farmacêuticas.O Food and Drug Administration(FDA), órgão que administra a produção de alimentos e remédios nos Estados Unidos, alertou no ano passado que o Paxil podia ser associado à defeitos no coração quando tomado durante os três primeiros meses de gravidez.Dra. Sandra Kweder, do FDA, chamou os resultados do estudo de inquietantes e que a Agência irá redigir um uma advertência pública em alguns dias. “Eu enfatizaria que não é motivo para pânico entre mulheres que tomam esses medicamentos” afirmou.Segundo ela, as mulheres não devem parar de tomar antidepressivos por conta própria e devem consultar seus médicos se tiverem preocupações. “Para muitas mulheres, o pequeno risco apontado por esse estudo pode ser uma preocupação maior que sua necessidade de tratamento de um distúrbio mental.”Por razões éticas, medicamentos não podem ser testados em mulheres grávidas e os prováveis efeitos de um remédio em um feto só podem ser observados depois que ele estiver em uso no mercado.Outras pesquisas associaram o uso dos antidepressivos no fim da gravidez com irritabilidade, baixa taxa de açúcar no sangue e dificuldade para respirar em recém-nascidos.