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sábado, 24 de maio de 2025

Chefe da polícia de Londres admite erros no caso de Jean

30/01/2006 11h26 – Atualizado em 30/01/2006 11h26

Reuters

O chefe da polícia de Londres, Ian Blair, disse a um jornal na segunda-feira que seus homens cometeram erros depois de terem matado o brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um homem-bomba. Blair, investigado por um órgão independente devido aos comentários que fez após a morte de Jean Charles em julho, afirmou em uma entrevista concedida ao Guardian que informações falsas divulgadas aos meios de comunicação deveriam ter sido corrigidas imediatamente. O brasileiro, um eletricista de 27 anos, foi baleado ao entrar em um metrô da estação Stockwell, em Londres, no dia 22 de julho. Jean Charles foi confundido com um dos quatro homens suspeitos de terem tentado detonar explosivos no sistema de transporte público da cidade no dia anterior. A polícia já estava em alerta máximo devido à ação de homens-bomba que mataram 52 pessoas duas semanas antes. Informações divulgadas por testemunhas no dia do fato sugeriam que o brasileiro usava um casaco folgado, que ele havia pulado a catraca do metrô e que tinha corrido ao ser chamado por policiais. No entanto, dados que vazaram de um relatório da Comissão Independente de Reclamações contra a Polícia (IPCC, órgão encarregado de investigar o caso), mostraram que, na verdade, os policiais tinham cometido vários erros. No começo deste mês, a IPCC submeteu um relatório completo a fim de que promotores decidam se os responsáveis pelos disparos devem ser objeto de um processo penal. Detalhes do documento, porém, não foram divulgados ao público. “Claramente, a polícia metropolitana de Londres poderia ter tomado a decisão de esclarecer tudo no sábado, dia em que reconhecemos ter matado um homem inocente”, afirmou Blair ao Guardian. “Apesar de termos esclarecido tudo ao dizer que ele não tinha ligação com o caso, não esclarecemos todas as questões envolvendo o incidente, como o fato de ele ter supostamente pulado a catraca ou de estar usando um casado pesado.” Os comentários do chefe de polícia aparecem um dia depois de o jornal News of the World ter publicado que policiais adulteraram anotações de policiais encarregados de vigilância a fim de cobrir o fato de que Jean Charles tinha sido erroneamente identificado como suspeito de ser homem-bomba. Os defensores da família do brasileiro pediram novamente que o chefe de polícia renuncie ao cargo. “Essa nova confissão de Ian Blair, de que poderia e deveria ter agido de uma determinada maneira, significa que ele perdeu o pouco da confiança de que ainda gozava”, afirmou Asad Rehman, porta-voz do grupo. Na segunda-feira, em Londres, representantes do governo brasileiro devem se encontrar com parentes de Jean Charles e aumentar a pressão sobre o governo britânico para que o relatório da IPCC seja repassado à família, disse Rehman à Reuters.

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