18/11/2006 11h47 – Atualizado em 18/11/2006 11h47
Estadão
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, disse que a Guerra do Iraque dividiu a organização que dirige, em entrevista publicada neste sábado na revista portuguesa Expresso. “Penso que todos estamos conscientes de que a guerra levou a uma importante divisão nesta organização – a ONU – e no mundo”, assinalou Annan.
O dirigente explicou que será necessário muito trabalho para reparar essas divisões, além de opinar que no caso do Iraque “poderiam ter sido adotadas opções diferentes que teriam conduzido a resultados diferentes”.
Annan defendeu a posição adotada então pelo Conselho de Segurança e esclareceu, no entanto, que os diferentes governos – em alusão aos Estados Unidos – “são livres para tomar as decisões que quiserem”.
Quanto à situação que o Oriente Médio atravessa, disse se sentir “extremamente preocupado”, assinalando países como Líbano, Síria e os territórios palestinos, além das “relações pouco amistosas com o Irã”.
“Não sei para onde vai tudo isto – a situação no Oriente Médio. Em minha última viagem à região todos os líderes estavam extremamente preocupados com o que ocorre ali e com o que pode acontecer no Iraque”, ressaltou o secretário-geral da ONU.
Sobre o conflito de Israel com o Hezbollah no Líbano, lembrou que ambos os lados violaram a legislação humanitária internacional.
Annan explicou que a relação entre a ONU e os Estados Unidos é ótima hoje e que a colaboração é possível apesar de não haver acordo em alguns assuntos. “Houve momentos em que isso foi difícil, particularmente quando algumas pessoas do Capitólio – sede do Congresso dos EUA – e a extrema direita começaram a atacar a ONU e seu secretário-geral”, lembrou.
O dirigente apostou em um diálogo franco para aproximar o Ocidente e o Islã e se queixou do tratamento que alguns imigrantes recebem em alguns países devido a seu “perfil” racial.