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terça-feira, 23 de abril de 2024

ARTIGO: Setor florestal brasileiro: falta competitividade?

30/04/2013 11h40 – Atualizado em 30/04/2013 11h40

Da Redação

Muito tem se falado sobre o setor florestal do nosso estado. Os números do crescimento são fascinantes. Em 2012, enquanto a média nacional de aumento da área plantada foi de 5%, Mato Grosso do Sul cresceu 30%. As previsões indicam que até 2020 atingiremos a marca de 1 milhão de hectares de florestas plantadas, galgando as primeiras posições do ranking nacional. Os mais otimistas acreditam que atingiremos esta marca ainda antes.

Estes números e informações são amplamente divulgados e fizeram o setor cair na graça da população sul-mato-grossense.

No entanto, ao observarmos a produção florestal mais de perto, junto de quem está ou no campo trabalhando, ou no escritório pagando a conta, a visão é outra. A tão almejada competitividade do setor deixa a desejar por vários aspectos de responsabilidade governamental e privada.

TRANSPORTE DE CELULOSE

A logística é um dos principais problemas do setor produtivo nacional. Para as florestas plantadas em Mato Grosso do Sul, isso não é diferente. Enquanto que nos Estados Unidos gasta-se, no máximo, 20 dólares para transportar uma tonelada de celulose da fábrica até o porto, no Brasil gasta-se US$ 90. Melhorias urgentes são necessárias, do contrário o raio de ação das empresas consumidoras fica cada vez mais limitado, aumentando a competição por terras nas proximidades das unidades fabris, inflacionando os preços.

A insegurança jurídica, especialmente por parte dos órgãos federais, fez com que MS perdesse investimentos de mais de 6 bilhões de dólares em 2012. Acompanhamos de camarote a Portucel se afastando a cada dia do Mato Grosso do Sul – e na última semana isso consolidou-se.

Outro exemplo da necessidade de investimentos no setor são os implementos utilizados para a implantação de florestas. Enquanto nos Estados Unidos e Europa utiliza-se cerca de 85% de equipamentos específicos para a atividade, no Brasil tem-se apenas 35% de equipamentos florestais adaptados. Os específicos são poucos e ainda carecem de muito investimento e estudo. Há neste caso uma grande oportunidade para a produção industrial, alavancada pela demanda crescente.

MS tem vantagens específicas, que o fazem diferente dos outros estados do Brasil. As duas principais são a aceitação do cultivo florestal pela população e a desburocratização ambiental para plantio e corte de florestas plantadas, mas isso não é suficiente.

Precisamos com urgência lançar olhares minuciosos à base da cadeia produtiva, observar o plantador de mudas, entender as reais necessidades, investir em estrutura viária, capacitação de mão de obra, melhoramento genético e, aí sim, ter competitividade.

Então, cadê a competitividade? Ou faremos isso, ou setor florestal está condenado a uma estabilidade produtiva muito aquém do que Mato Grosso do Sul e o Brasil podem obter.

Alex Melotto é biólogo (UCDB, 2006), especialista em gestão e manejo ambiental em sistemas florestais (UFLA, 2008), mestre em biologia vegetal (UFMS, 2010) e doutorando em agronomia (UFGD). Pela Fundação MS, atua como pesquisador do setor Sistemas Integrados.

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