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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Blair alerta sobre “crescente ameaça” do Iraque

24/09/2002 08h44 – Atualizado em 24/09/2002 08h44

LONDRES (CNN) – O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, inaugurou nesta terça-feira uma reunião especial do Parlamento, em Londres, alertando sobre a existência de um programa iraquiano de armas de destruição em massa que é “ativo, detalhado e crescente”.

“A política de contenção não está funcionando”, disse o premier. “O programa de armas de destruição em massa não foi parado. Está em pleno vigor”.

As declarações de Blair foram feitas poucas horas depois de o governo divulgar um dossiê, de 50 páginas, alegando que o Iraque tem “planos militares” para o uso de materiais químicos e biológicos.

O premier disse aos membros do Parlamento que os últimos 11 anos mostraram “uma história da vontade da ONU sendo ignorada, de mentiras contadas por Saddam… de obstrução, desafio e negação”.

Para Blair, ações militares e sanções adotadas desde 1998 retardaram o programa iraquiano, mas não acabaram com ele.

“Planos militares”

No amplamente esperado dossiê sobre o Iraque, a Grã-Bretanha afirmou que o regime de Saddam Hussein reteve sua capacidade de comando e controle sobre o uso dessas armas de destruição em massa.

Os autores do dossiê afirmaram, ainda, que o Iraque tentou adquirir “quantidades significativas” de urânio de países da África, apesar de não ter nenhum programa civil que poderia justificar essa suposta busca.

Na introdução ao dossiê, Blair afirmou que o documento prova que o Iraque é uma ameaça contínua à comunidade internacional.

O Iraque estaria a cinco anos de produzir uma arma nuclear, sem ajuda externa, mas esse processo poderia ser encurtado, para entre um e dois anos, se o país conseguir no exterior material já preparado para fins militares.

“O regime violento e agressivo de Saddam” tentou obter tecnologia e material para uso em armas nucleares, e desenvolveu laboratórios móveis para uso militar, acrescentou.

Iraque rebate acusações

Pouco depois da publicação do dossiê, o governo do Iraque – que afirma não ter armas de destruição em massa – descreveu o documento como uma peça “sem fundamento”.

“O senhor Blair está agindo como parte da campanha sionista (israelense) contra o Iraque, e todas as suas alegações são sem fundamento”, declarou o ministro da Cultura, Hamed Yousif Hummadi.

O dossiê britânico acusa ainda o Iraque de ter um programa para o desenvolvimento de mísseis com alcance suficiente para atingir alvos em Chipre, Grécia e Turquia, bem como em todos os territórios de seus vizinhos no Oriente Médio, incluindo Israel.

Na área atômica, o Iraque “tentou, secretamente, adquirir tecnologia e materiais que poderiam ser usados na produção de armas nucleares”, e “informações de serviços de inteligência também mostram que o Iraque está se preparando para esconder provas sobre essas armas, incluindo documentos”, enquanto o Conselho de Segurança da ONU debate um possível reinício das inspeções naquele país.

“Eu não tenho dúvidas de que a ameaça é séria e atual, que (Saddam) obteve progresso na área de armas de destruição em massa e que ele tem que ser contido”, escreveu Blair na introdução do dossiê.

Debate no Parlamento

Os membros do Parlamento britânico foram convocados especificamente para discutir o documento, na reta final de seu recesso parlamentar de verão.

Na noite de segunda-feira, Blair havia convocado uma reunião de seu gabinete ministerial para apresentar o dossiê.

Os membros do gabinete emergiram da reunião com uma posição unida em relação ao tema, mas muitos parlamentares governistas e algumas importantes autoridades governamentais manifestaram publicamente sua preocupação com uma ação militar.

Cerca de 150 parlamentares assinaram uma moção se opondo à ação militar. Um deputado dissidente fez circular entre seus colegas do governista Partido Trabalhista um panfleto intitulado “O Trabalhismo Contra a Guerra”.

Já o líder da oposição conservadora, Iain Duncan Smith, manifestou veemente apoio a uma possível ação militar contra o Iraque. Os liberais democratas, que são a terceira força política no país, adotaram um tom mais cauteloso.

Uma pesquisa de opinião pública, realizada pelo ICM para o jornal londrino The Guardian, mostra que 37 por cento dos britânicos são a favor de uma ação militar, em comparação com 36 por cento na semana passada e 33 por cento há um mês.

Mas, o número de oponentes também aumentou, de 40 por cento há uma semana para 46 por cento. No mês passado, o índice era de 50 por cento.

A maioria esmagadora – 86 por cento – é da opinião de que Blair deveria buscar o apoio do Parlamento e das Nações Unidas antes de embarcar em qualquer ação militar.

(Com informações da Reuters)

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