15/10/2012 09h36 – Atualizado em 15/10/2012 09h36
Entre as cidades de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, à beira da rodovia, máquinas florestais podem ser vistas trabalhando dia e noite
Motoristas ficam impressionados com a quantidade de máquinas que trabalham nas florestas de eucalipto
Priscila Pessatti, com informações
Para quem transita na BR 262 durante o dia ou à noite, principalmente entre a cidade de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, já reparou o trabalho das máquinas florestais, que colhem e descascam os eucaliptos plantados e os cortam em toras.
Um verdadeiro ponto turístico à beira da rodovia, pessoas param seus carros para tirarem fotos e observarem máquinas. “Parece daqueles filmes cheios de robôs, acho muito legal isso”, disse um dos motoristas. Para o advogado José Carlos Crisóstomo Ribeiro, que estava participando de um evento em Três Lagoas, ficou impressionado. “É assustadora a agilidade das máquinas que trabalham nas florestas de eucalipto. As árvores, segundo consta, levam 7 anos para estar no ponto de corte e em apenas 40 segundos é derrubada, descascada e serrada em pilhas”, disse.
De acordo com a assessoria, a Eldorado Brasil tem aumentado o ritmo de corte de eucalipto para a primeira linha de produção de celulose da fábrica de Três Lagoas. O corte começou em maio deste ano, e a inauguração oficial está marcada para dezembro. Segundo informações, o primeiro fardo de celulose deve ser embarcado em novembro.
A Secretaria de Produção e Turismo de Mato Grosso do Sul (Seprotur) calcula que a área plantada com florestas chegue a 700 mil hectares nos próximos anos. Mato Grosso do Sul e Tocantins são os estados brasileiros que apresentam maior crescimento de madeira plantada do País. As condições climáticas no Brasil permitem que sejam feitos pelo menos três cortes das florestas plantadas no prazo de 21 anos.
No Brasil, a demanda por madeira de florestas plantadas é de cerca de 700 mil hectares por ano, mas a produção anual não supera 300 mil hectares. Os dados são da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Porém, a área de florestas plantadas no Brasil não supera 1% do território nacional, apesar da silvicultura ser uma das atividades mais rentáveis do País.
De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), os produtos florestais de Mato Grosso do Sul geraram, no primeiro semestre de 2012, um volume de 5 milhões de toneladas, com rendimento de US$ 251 milhões de dólares, um aumento de 9% sobre os US$ 230 milhões comercializados no mesmo período de 2011. Os principais compradores do produto sul-mato-grossense são os Países Baixos e a Itália.
TRÊS LAGOAS, A RAINHA DA CELULOSE
Com a inauguração da fábrica da Eldorado Brasil, em novembro, Três Lagoas atingirá uma capacidade para produzir três milhões de toneladas de celulose por ano. É a maior capacidade de produção da matéria-prima em uma única cidade no mundo. Uma mudança radical na habilidade econômica do município sul-matogrossense que, até a década de 90, abrigava um dos maiores rebanhos de gado do país, de um milhão de cabeças.
A cidade tenta se acomodar ao novo patamar de terceira maior economia do Estado. Nas ruas do centro, o comércio cresce e para atender cerca de 15 mil novos habitantes. São trabalhadores das fábricas (só na construção da unidade da Eldorado Brasil, há 13 mil pessoas envolvidas), executivos trazidos para coordenar as operações fabris e profissionais de cidades vizinhas que buscam uma oportunidade. “A cidade vive o pleno emprego há quatro anos”, disse Marco Garcia, Secretário Municipal de Desenvolvimento.
A ascensão econômica de cidade é, em boa parte, explicada pela vantagem logística do município, que está próximo de rodovias, hidrovias e ferrovias. Também atraíram as empresas os incentivos fiscais dos governos, como doação de terrenos e isenção de ICMS.
A logística e os incentivos fiscais são apenas algumas das características que atraíram as fabricantes de celulose para Três Lagoas. A fartura de terras no nordeste de Mato Grosso do Sul também explica o interesse. A disponibilidade permite que as florestas de eucaliptos, matéria-prima da celulose, sejam plantadas próximas às fábricas, reduzindo o custo de operação. “Essas facilidades trazem reduções de custos importantes para a produção de uma commodity”, diz José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Brasil.
A área de plantio potencial na região chega a 6 milhões de hectares, segundo informações do município. Por causa da expansão da indústria, muitos donos de terras, que por muito tempo se dedicaram à criação de gado, hoje estão arrendando terras para o plantio das florestas de eucalipto.
(*)Famasul e Acrissul
