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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Carandiru, o fim de um inferno de 46 anos

15/09/2002 07h21 – Atualizado em 15/09/2002 07h21

Leandro Mazzini

Repórter do JB

Quando criança, o médico Drauzio Varella passava na porta da Casa de Detenção e ficava document.write Chr(39)document.write Chr(39)fascinadodocument.write Chr(39)document.write Chr(39) com o lugar. Hoje, já consagrado, não vai ouvir mais o eco de canecos nas grades com que se acostumou durante os 13 anos de trabalho voluntário no presídio chamado de document.write Chr(39)document.write Chr(39)inferno terrenodocument.write Chr(39)document.write Chr(39). Depois de 46 anos, o complexo que já abrigou cerca de 8 mil presos, foi palco de numerosos motins, de fugas e de uma chacina que entrou para a História do país, vai fechar suas celas. Os últimos 76 detentos deixam hoje, às 9h, a maior penitenciária do Brasil.

Drauzio Varella lembra os momentos vividos nos pavilhões, quando assistia os detentos doentes:

  • De bom, guardo a experiência de vida, que não foi pequena. Tive uma visão mais completa da sociedade brasileira. Tornei-me amigo de carceireiros e de alguns detentos, com quem não tenho mais contato. De mau, as cenas de violência, os corpos que atestei e as mortes por Aids. Não há pior morte que a de um homem morrendo trancado numa cadeia.

O governo de São Paulo planeja a implosão de três dos sete pavilhões, inclusive o de número nove, onde aconteceu o episódio conhecido como document.write Chr(39)document.write Chr(39)massacre do Carandirudocument.write Chr(39)document.write Chr(39). Em outubro de 1992, 340 soldados da Polícia Militar invadiram o pavilhão, onde acontecia um motim, e mataram 111 detentos. A implosão será uma forma de apagar a tragédia que abalou o mundo. No local, será construído o Parque da Juventude, área planejada para esportes e lazer. Drauzio Varella, autor do best-seller Estação Carandiru, que conta sua convivência com os detentos, daria outro fim ao presídio.

  • Em princípio me agrada, porque haverá no local um grande parque. Mas sou contra a implosão total, porque é uma parte da nossa História. Nestes anos de cadeia, vi morrer muito mais que 111 presos.

Depois de rebeliões simultâneas em 29 unidades prisionais do Estado, em fevereiro de 2001, entre elas o Carandiru, o governo federal investiu R$ 100 milhões na construção de 11 presídios no interior de São Paulo, totalizando 8.256 vagas, a fim de desativar a Casa de Detenção. A maioria dos presos já foi transferida. Durante as recentes vistorias nas celas, os policiais encontraram objetos deixados por eles, como bilhetes de acertos de contas e cartas de amor a mulheres e namoradas.

Apesar de sair de cena, o Carandiru deixará influências no trabalho de Drauzio Varella:

  • Vou continuar a atender na Penitenciária do Estado, que fica atrás do Carandiru.

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