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sábado, 20 de abril de 2024

document.write Chr(39)Asterix: Missão Cleópatra

24/10/2002 14h14 – Atualizado em 24/10/2002 14h14

PARIS – O sucesso de “Asterix : Missão Cleópatra” na França foi tanto que, dos 60 milhões de franceses, 14,5 milhões saíram de casa este ano para ver o segundo longa-metragem com atores de carne e osso (no caso do Obelix, Gérard Depardieu, muito mais carne do que osso) inspirado nos célebres álbuns em quadrinhos criados por René Gosciny e Albert Uderzo.

Mesmo sendo um filme destinado ao sucesso — no elenco, além do peso pesado Depardieu, há como o protagonista Número Bis o mais popular comediante francês da atualidade, Jamel Debouze, e outras figuras popularíssimas como o também comediante de TV Edouard Baer, a gostosa do momento Monica Belucci, o tradicional Christian Clavier, como Asterix — os números de “Asterix” chocam mesmo seus realizadores.

— Francamente, eu poderia escolher qualquer das teorias sobre o sucesso para explicar, mas acho que não há explicação — diz o diretor e ator (faz Júlio Cesar) do filme, Alain Chabat, não menos popular entre os franceses do que os nomes citados acima. — Espera-se o sucesso num filme de Asterix, é claro. “Missão Cleópatra” é um dos melhores álbuns, o elenco é excelente e popular, tudo está certo. Mesmo assim, fiquei impressionado com o sucesso e o melhor é não explicá-lo, apenas ficar feliz.

Chabat fez um tributo aos autores

Chabat tem razões de sobra para ficar feliz. “Asterix : Missão Cleópatra”, que estréia amanhã no Brasil, bateu todos os recordes franceses, deixou para trás a comédia “Taxi 2”, que, há três anos, patinou nos 12 milhões de espectadores, e humilhou o segundo colocado deste ano, “Harry Potter”, que não passou de “míseros” nove milhões. O filme de Chabat foi recebido calorosamente pela maior parte da crítica ao conseguir ser ao mesmo tempo atual (há piadas sobre obsessões do mundo de hoje, como os telefones celulares) e fiel ao humor político dos álbuns de Gosciny e Uderzo.

Adepto na TV de uma forma de humor que no Brasil seria chamada de besteirol, Chabat esforçou-se para se aproximar do humor político de “Asterix”.

— O texto de Gosciny, não só para “Asterix”, formou a mim e a toda uma geração de humoristas — diz Chabat. — Por isso, quando Claude Berri (produtor do filme) me convidou para escrever e dirigir um filme de “Asterix”, quis fazê-lo como uma homenagem a Gosciny, um tributo à sua criação, à sua maneira de ver o humor e o mundo.

Humor antiimperialismo

Sim, há em “Missão Cleópatra” o velho humor antiimperialista (na verdade antiamericano) de Gosciny. Trata-se da história do jovem mestre-de-obras egípcio Número Bis, encarregado por Cleópatra de construir o maior palácio do mundo para fazer frente ao dos dominadores romanos. Para isso, ele parte para a remota Gália, onde pede ajuda a velhos amigos de seu pai, os “irredutíveis gauleses” Asterix e Obelix, que não se curvam diante da dominação romana. Mas Chabat garante que, na sua visão política, o antiimperialismo não é a marca do filme.

— O principal recado político de “Missão Cleópatra”, e o mais atual, é a importância da miscigenação cultural, de mostrar que a mistura de culturas é sempre interessante — diz Chabat. — O que me agrada muito é mostrar que um povo sofisticado como o egípcio tem que pedir ajuda a semibárbaros da longínqua Gália para resolver um problema, os ditos civilizados aprendendo muito com os ditos bárbaros. Esse é o verdadeiro lado político do filme.

De igual impacto, concorda Chabat, é a presença de um ator de origem árabe, como Jamel, numa história tão francesa.

— Sim, isso pode ser visto também como algo político, mas não acho que Jamel tenha feito sucesso nesse papel pelo fato de ser de origem árabe. Ele poderia fazer bem qualquer papel cômico ou não. Claro que não da para botá-lo para fazer, digamos, um Rimbaud.

O feioso e a gostosa

O pequeno egípcio Número Bis (em português algo equivalente a meio-quilo, baixinho), feioso, desastrado, conquista a exuberante Cleópatra vivida por Monica Belucci e é essa contradição típica do humor mais tradicional o segredo, para Chabat, do interesse-monstro que o filme gerou no público.

— Tem o lado político, é claro, mas é uma comédia divertida. Uma das coisas que mais gosto no Asterix é o humor em cima do francês típico das pequenas vilas, aquele que viaja pelo mundo e diz: “Na França é bem melhor”. Por isso escolhemos uma história que não se passa na Gália, na cidade dos personagens, a intenção era fazer uma brincadeira com os franceses no exterior.

Fonte:Jornal O Globo

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