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Três Lagoas
sexta-feira, 29 de março de 2024

Entrevista com o Presidente da Câmara de Vereadores de Três Lagoas, Antonio Rialino Medeiros, do PMDB

12/02/2007 17h11 – Atualizado em 12/02/2007 17h11

Com 41 anos de idade sendo que a maioria deles dedicados à vida pública, o empresário e vereador eleito pelo segundo mandato consecutivo, Antonio Rialino Medeiros assume pela primeira vez a presidência da Mesa da Diretora da Câmara de Vereadores de Três Lagoas. O atual presidente da Câmara disse em entrevista ao Perfil News que passa pelo melhor momento da vida pessoal e política. Filiado ao PL (Partido Liberal) elegeu-se vereador, logo assumindo a presidência da Comissão de Finanças da Câmara. Após dois anos, mudou de partido, passando a integrar as fileiras do PMDB, a pedido do então senador Ramez Tebet. ‘Considero Ramez um mentor, pois em todas as decisões que envolvem a comunidade sempre sugeriu que ouvisse o povo primeiramente’, frisou. Perfil News – Quais são os projetos para dinamizar os trabalhos do Legislativo nos próximos dois anos? Rialino – O primeiro passo já foi tomado; ‘enxuguei’ a máquina administrativa, cancelando contratos com prestadores de serviços. Acho que tomei uma atitude corajosa, pois alguns contratos já vinham perdurando há anos. A partir de agora vamos fazer licitações para todas as áreas. Um dos contratos cancelados foi o da imprensa, para divulgação de publicidades. Uma nova licitação será e o resultado vai ser divulgado no próximo dia 22 deste mês. Cinco agências, sendo algumas de fora da cidade, participam do processo licitatório. Perfil News – Essas medidas já estão surtindo efeitos positivos; ou seja, já está havendo redução nos gastos? Rialino – Não podemos falar em valores nesse momento. O ano legislativo praticamente começou agora e temos que aguardar para a conferência dos primeiros relatórios. Temos que dar atenção à comunidade com a máxima qualidade e conforto permitido. Vamos limitar os gastos. Prova da economia que estamos fazendo é o fato de somente termos contratado um advogado, que é o doutor Antonio Tebet. A Câmara tinham até três advogados. Essa redução já é uma economia. Perfil News – Esse ‘enxugamento’ foi para economizar ou havia excesso de servidores no Legislativo? Rialino – Eu entendo que não é bem excesso. Quando você passa a valorizar mais o funcionário e eles devem melhor a capacidade de atender melhor. Os gastos desnecessários devem ser evitados. Recentemente fiz uma reunião com eles e mostrei que gastos sem necessidade devem ser combatidos. Dou exemplo: deixar ar condicionado ligado em uma sala que não tem ninguém. Deixar uma luz acessa sem necessidade. O dinheiro é da população e temos que ter respeito e responsabilidade com ele. Perfil News – De quanto é o repasse mês da prefeitura para o Legislativo e no que é aplicado esse recurso? Rialino – R$ 430 mil. Esse valor cobre os serviços essências e pagamento dos inativos e pensionistas e a folha de pagamento. Perfil News – Os novos gabinetes construídos para os vereadores consumiram um bom volume de dinheiro. Você dará prosseguimento com o investimento? Rialino – Sim. Mandei ofício à prefeita Simone Tebet quanto a uma possível parceria. A Câmara por não ter personalidade jurídica, tudo que ela tem é do Município. Até mesmo o prédio. Até agora não tive resposta da prefeita. Já até licitei a compra da mobília dos gabinetes. Quero fazer tudo de forma transparente. Queremos dar um atendimento à população de forma confortável. O munícipe vai ser atendido pelo vereador em uma sala ampla e sempre em conversas reservadas. Atualmente o cidadão procurava o vereador e era atendido muitas vezes nos corredores, no plenário e muitas vezes fora do prédio. Isso agora mudou. É inadmissível uma cidade com mais de 100 mil habitantes os vereadores não possuírem gabinetes individuais. Perfil News – Diante das críticas de alguns órgãos de imprensa no ano passado quanto à construção de gabinetes, você ainda se mostra favorável a esses gabinetes? Rialino – Eu sou favorável. A partir do momento em que você está empregando o dinheiro público e forma legal, acho que é um avanço. Respeito àqueles que discordam. Na época que em o vereador José Augusto Morila Guerra tomou essa decisão ano passado fomos favoráveis. Lá está um prédio público que não é dos vereadores é do povo. Estamos na vida pública de passagem. Perfil News – Você falou em comunidade, população. O que o novo presidente estará realizando para aproximar a comunidade do Legislativo? Rialino – Um dos desafios que terei é de conscientizar a população do trabalho do vereador. Há pessoas politizadas, mas ainda há pessoas desinformadas; não sabe como funciona uma Câmara e nem o que norteia o trabalho de um vereador que nada mais é que fiscalizar o Executivo. Alguns interpretam de forma errada a função do vereador. A função de fazer leis também existe e ouvindo a população no que elas pedem de melhorias para os bairros. Tem gente que acha que nós fazemos obras. Isso é uma inverdade. Nós ouvimos a população e indicamos a prefeitura para que se possível possa ser executado desde que atenda os anseios da população. Na questão do paternalismo, tem muita que acha que o vereador tem de pagar água, luz, dar cestas básicas, arrumar combustível. Essa não é nossa função. Mas sempre ajudamos na medida do possível dependendo da necessidade da pessoa. Em casos extremos pedimos para procurar a assistência social do Município, pois lá é que tem recursos disponíveis para isso. Perfil News – A revista Veja, em edições anteriores, fez uma pesquisa para se saber o que à população achava dos políticos brasileiros. A maior parte disse que não tinha confiança nesses políticos. Eles os consideram (os políticos) desonestos. O que o presidente da Câmara da terceira maior cidade do Estado pretende fazer para minimizar esse conceito negativo? Rialino – A valorização e o fortalecimento do Poder Legislativo. É importante a população saber o papel do vereador no contexto político local. Sabemos que a nível nacional o político como um todo está desgastado. O Legislativo está mais desgastado. O Executivo é mais intocável. A imprensa tem cobrado e denunciado as mazelas que existem em todos os lugares. Mas o legislador, por ser em número maior é mais fácil acompanhar e ver se ele está trabalhando ou não. Tem morador que sabe até a situação financeira do vereador, pois convive no dia a dia com ele. Muitos cobram o vereador, pois é fácil de achar. Por não ter acesso direto ao executivo fica difícil de perguntar e cobrar algo. O vereador é mais exposto. Temos que valorizar o vereador através de ações. Quero trazer a população para dentro da Câmara através de audiências públicas. Perfil News – Existe alguma audiência pública programada pela atual Mesa Diretora? Rialino – Da segurança pública. Essa eu não abro mão. Esta semana a prefeita de Três Lagoas deve confirmar a presença na cidade do secretário de Segurança Pública de MS. No governo passado o governador deu prioridade a cidade de Porto Murtinho e para lá mandou várias viaturas, excluindo Três Lagoas. Só para ter uma idéia o bairro Vila Nova, que é maior que Porto Murtinho, concentra maior densidade populacional. Isso mostra que faltou competência de pessoas que assumiram secretarias na gestão passada. Perfil News – Você mantém a postura de que a Lei Seca seria a mais indicada para diminuir a criminalidade em Três Lagoas? Rialino – Essa discussão voltou recentemente. Eu entendo que é preciso fazer um estudo, um plebiscito para saber o que a população acha do assunto. Uma decisão desta deve ser discutida com a sociedade. Se a população apontar que esse é o caminho, vamos acatar. Não estou em ‘cima do muro’. Quero apenas uma discussão ampla com a sociedade. Perfil News – Por que esse plebiscito, se outras cidades no Brasil aplicaram a Lei Seca através de lei especifica? Rialino – Aprendi com o senador Ramez
que sempre dizia: ‘Filho, antes de tomar qualquer decisão política procure ouvir o povo. Foi o povo que te elegeu e através da conversa com a comunidade é que você tomará qualquer decisão’. Portanto, não tomo qualquer decisão polêmica. Uma lei que pode ser bom para uns, não é para outros. Perfil News – A cidade tem outros problemas além da segurança pública. A saúde é uma delas. O que a Câmara está fazendo sobre isso? Rialino – A questão da dengue preocupa a todos nós. O problema não é só do Poder Público é dos três-lagoenses. Vivemos um momento de epidemia e não adianta esconder isso. Isso deve ser uma ação conjunta com a população e deve ser firme por parte do Poder Público. Cada um tem de fazer sua parte se não nunca vamos vencer essa epidemia. Estamos cobrando ações junto à prefeita e ao secretário Jorge Martinho. Recentemente aprovamos lei que da autonomia para a prefeitura entrar nos terrenos baldios, roçar e cobrar pelo serviço. E agora a Justiça autorizou que os agentes de saúde entrem em casas vazias e abandonadas para realizar a fiscalização do local. Perfil News – O certo não seria a prefeitura tomar medidas extremas para combater a dengue? Rialino – A medida extrema que entendo é uma ação rápida do Poder Público e um trabalho de conscientização por parte da população. Cada um fazendo sua parte vamos resolver isso. O problema é nosso, ou seja, da população. Perfil News – A dengue já era anunciada. O período de chuva vai acabar e vem a leishmaniose. O que a secretaria de Saúde está fazendo com mais esse problema? Rialino – Sobre a leishmaniose houve confusão de números divulgados recentemente. A secretaria apresentou uns números e não bateram com o Centro de Controle de Zoonoses. Acho que a leishmaniose é mais perigosa que a dengue. A leishmaniose mata mesmo. Estamos cobrando várias ações. Perfil News – Que tipo de ações emergências está sendo cobrado da prefeitura? Rialino – Roçadas. Não podemos esperar parar de chover para entrar nos terrenos baldios. Ano passado fizemos a operação cidade limpa e deu certo. Mas a ação deve ser contínua. Perfil News – A prefeita Simone Tebet tem uma base de sustentação na Câmara em torno de 80%. Ou seja: não tem oposição. Como se concilia essa situação no caso de aprovação de projetos de lei. Na sua gestão terá debate quanto a esses projetos? Rialino – A partir de agora a tendência é que cada colega vereador procure seu caminho. E eu discordo que na Câmara não haja oposição. Há dois vereadores, Gilmar Tosta e Valdomiro Aguirre que fazem oposição. Essa oposição é construtiva. Um debate num parlamento é salutar e a oposição é normal. A prefeita não teve dificuldades para aprovar projetos nestes primeiros dois anos, mesmo porque os projetos não eram polêmicos e eram de interesse da população. Vários projetos foram aprovados por unanimidade. Perfil News – Tanto Aguirre quanto Gilmar se auto intitulam oposição ou o ‘grupo da prefeita’ acha que eles são oposição? Rialino – Não diria que o bloco acha que é oposição. Pelo comportamento e discursos de ambos. Não tenho o que reclamar nesses dois anos. Essa oposição é importante. Em vários projetos, mesmo ‘emendando’ eles aprovaram. Perfil News – Em julho deste começa as alianças políticas para a sucessão municipal. Você acha que a prefeita pode enfrentar algum concorrente? Rialino – É importante. Tem que ter um ou mais nomes no processo sucessório. Normalmente a eleição em Três Lagoas polariza. Mas acredito que possamos ter até três candidatos. Perfil News – Um desses três nomes poderia ser um vereador? Rialino – É possível. Sabemos que um dos nomes é a prefeita Simone, que deve disputar a reeleição. Temos vários partidos políticos dentro da Câmara. Pode ser que algum colega vereador possa ser candidato. Perfil News – Um desses vereadores pode ser da base de sustentação da Prefeita ou fora? Rialino – Pode ser. Nós temos hoje uma bancada com três vereadores do PMDB que deve apoiar a prefeita. Dentro da base dos oito vereadores que pertencem a partidos diferentes e que por ventura pode ser sejam candidatos. Perfil News – Diante da grande votação obtida pelo vereador Ângelo Guerreiro durante campanha para deputado estadual, ele seria um nome em potencial? Rialino – Não somente ele, mas como qualquer outro colega. Todos estão habilitados. O Guerreiro tem uma boa votação, embora ache que cada eleição é uma eleição diferente. Dou exemplo recente de disputa eleitoral. O ex-prefeito Miguel Tabox. Ele era uma liderança inconteste. Foi candidato a deputado estadual e proporcionalmente teve mais votos que o Guerreiro. Ele não se elegeu. Foi então candidato a vereador e não ganhou. São coisas da política. Com a pouca experiência política que tenho que cada eleição é diferente. Perfil News – O atual secretariado municipal está de acordo com as expectativas dos vereadores? Rialino – As coisas estão caminhando bem. Em todas as secretarias sempre tem aquela que é mais exigida. É o caso do departamento de Obras. A secretaria de Saúde também é muito cobrada. Se a administração não estivesse bem, teríamos que fazer uma avaliação mais profunda de cada uma delas. Perfil News – Na atual conjuntura política de Três Lagoas, você seria a segunda ‘peça’ mais importante do Município. A cidade passa por transformações. O que você espera da cidade? Rialino – Estamos próximos de ser a segunda maior do Estado, desbancando Dourados. Perfil News – Três Lagoas pode passar Dourados? Rialino – O crescimento é inevitável. Não adianta querer tampar o sol com a peneira. As coisas estão crescendo de forma acelerada e às vezes nós nos assustamos e ao mesmo tempo preocupa. Já falei com a prefeita e aos meus colegas vereadores que temos de dar a infra-estrutura para esse desenvolvimento. Com a vinda da Votorantin e Paper, a cidade vai crescer e isso me preocupa. Temos que dar segurança, temos que nos preocupar com o hospital Nossa Senhora Auxiliadora que é conveniada com o SUS (Sistema Único de Saúde) e não comporta mais internações. Temos que ter outro hospital ou ampliar o Nossa Senhora. Quanto à questão de escolas e creches. Esses trabalhadores devem ter um lugar para deixar os filhos. Precisamos de mais postos de saúde. Enfim, precisamos fazer as coisas acontecerem imediatamente para acompanhar esse crescimento. O Plano Diretor esta aprovado, mas temos que ter recursos para aplicar essas melhorias para Três Lagoas. Afirmou sem medo de errar: seremos a segunda maior cidade do Estado.

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